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Liderança feminina é motivo de priorizar moderação na Bluesky, diz diretora

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Douglas Ciriaco/Canaltech
Douglas Ciriaco/Canaltech

A rede social Bluesky está em alta com o bloqueio do X no Brasil. em menos de uma semana após a suspensão, aplicada no dia 30, a plataforma recebeu mais de 2,6 milhões de novos usuários, sendo que 85% destes são brasileiros. Quem chega por lá se depara com uma experiência muito similar ao Twitter antigo e diferentes opções de moderação de conteúdo — algo priorizado pela empresa.

A migração de brasileiros recebeu uma atenção especial da plataforma, que publicou posts traduzidos para português recentemente na conta oficial, e rendeu um sucesso inesperado.

“Se você me perguntasse na última quinta-feira se eu poderia prever o que aconteceria, eu diria que com certeza não”, comentou a Diretora de Operações (COO, em inglês) da Bluesky, Rose Wang, em entrevista ao Canaltech.

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Wang reforçou a recepção da comunidade do Brasil, que já era bastante ativa na rede em momentos anteriores, e falou sobre os esforços para moderar conteúdo por lá, principalmente por influência das lideranças femininas da plataforma. 

“Acho que o fato de eu e Jay [Graber, CEO da Bluesky] sermos duas mulheres comandando uma rede social é o motivo de priorizarmos a moderação, porque já vivenciamos a internet como mulheres”, destacou a COO da rede, Rose Wang.

Canal aberto com brasileiros

Muitos brasileiros que chegaram recentemente ao Bluesky comentam que a plataforma lembra a experiência do Twitter antes da aquisição de Elon Musk, quando ainda tinha o logo do passarinho azul. Algumas contas destacam a ausência de bots e a facilidade para aumentar o engajamento e interagir com outras pessoas no espaço.

Para Rose Wang, o produto apresentado pela Bluesky é uma reflexão da equipe de desenvolvedores por trás do app, que estava acostumada a usar redes sociais mais antigas, como o Tumblr.

“Nós estamos ganhando muita tração mesmo com uma equipe pequena porque as pessoas do nosso time realmente se importam em garantir que as redes sociais são divertidas e saudáveis, pois nós crescemos com todas essas ferramentas mais antigas de internet e redes sociais”, detalhou.

Durante os últimos dias, desenvolvedores e executivos da Bluesky têm interagido com perfis brasileiros e comentado posts em português para aumentar a integração com os novos visitantes. “Acreditamos que boa parte de construir uma comunidade é conversar diretamente com as pessoas, você não pode se esconder atrás de um produto ou tecnologia”, comentou a diretora.

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Foco em moderação e reduzir toxicidade

A Bluesky tem semelhanças visuais com o X, mas segue um caminho muito oposto no sentido da moderação — o antigo Twitter tinha uma postura mais permissiva com relação a temas como discurso de ódio e conteúdos antidemocráticos, o que foi um dos fatores que levou ao atrito e o bloqueio da rede.

A proposta da Rede do Céu Azul é garantir um sistema de monitoramento que funcione 24 horas por dia para detectar violações dos termos da comunidade, enquanto também oferece ferramentas de controle aos próprios usuários para que ocultem conteúdos ofensivos. Rose Wang afirma que a estratégia é “mais parecida com o Reddit do que o Twitter”.

A Diretora de Operações pontuou que a moderação de conteúdo foi uma das prioridades do Bluesky desde os primeiros estágios de desenvolvimento e agora foca em levar algumas destas ferramentas para a comunidade.

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Um exemplo é a nova leva de recursos para combater toxicidade, anunciados na semana passada. A rede social permite ocultar o post original dentro de uma publicação com citação, além de trazer recursos para esconder respostas ofensivas e priorizar interações apenas com contas que você segue.

“Se uma pessoa é rude com você, você não vai convidá-la pra sua casa de novo”, exemplificou Rose Wang. “Nas plataformas mais tradicionais de redes sociais, não tem muito o que fazer se uma pessoa agir assim, mas temos uma forma de sinalizar que alguém foi rude e isso pode incentivá-la a não fazer isso de novo. Algumas respostas podem ser grossas mas não violam os termos de serviço, então é possível ocultá-las”.

Chegada de novos recursos

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Por outro lado, a rede social deixa a desejar na quantidade de recursos disponíveis em comparação ao X — ainda não é possível publicar vídeos ou tornar uma conta privada, por exemplo. 

A empresa já confirmou que o suporte aos vídeos chega na próxima grande atualização do app, que deve acontecer nas próximas semanas. Rose Wang também reforçou que uma tela de assuntos do momento está no radar como uma futura novidade, mas o foco da equipe no momento é manter a plataforma estável com o novo fluxo de usuários.

“Nossa prioridade, acima de lançar os recursos, é garantir que o app não caia com o grande fluxo de usuários, então nossas prioridades estão um pouco divididas”, explicou. Além disso, ela destacou que o protocolo aberto da rede permite que a própria comunidade de usuários crie extensões compatíveis — um desenvolvedor brasileiro, por exemplo, criou uma tela de assuntos em alta não oficial e publicou na rede.

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Representação legal no Brasil

O X foi suspenso por não nomear um representante legal no Brasil após encerrar as operações e demitir todo o quadro de funcionários do país. A Bluesky ainda não tem um representante definido no país, mas Rose Wang informa que a empresa já trabalha para resolver a situação. 

“Nós iremos respeitar todas as regras para operar no Brasil e estamos conversando com entidades locais para ter uma representação”, informou a executiva. Ela também reforçou que, momentaneamente, a rede não considera a hipóteses de colocar anúncios durante a navegação.

Por fim, Wang deixou um recado para os novos visitantes brasileiros na plataforma: “você pode criar a experiência que quiser na Bluesky. Nós queremos construiur um mundo em que as redes sociais são mais divertidas e seguras, no qual não há uma pessoa que pode tomar decisões e afetar bilhões de pessoas. Vocês podem continuar a crescer conosco e investir num mundo online mais democrático”.

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Você também pode conferir uma entrevista do Canaltech com a CEO da rede, Jay Graber.

Saiba mais sobre o bloqueio do X no país: