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Vida após o X: bloqueio da rede muda rotina de marcas e influencers

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André Magalhães/Canaltech
André Magalhães/Canaltech
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O bloqueio do X no Brasil não afeta apenas o uso convencional dos usuários da rede social, mas também traz consequências para marcas, empresas e influenciadores que usavam o antigo Twitter para fins profissionais. A decisão fica entre recorrer a redes similares, como o Threads ou Bluesky, ou concentrar os esforços em outros produtos que fogem do modelo de textos curtos, como Instagram e TikTok.

Apesar das diversas polêmicas após a aquisição de Elon Musk, o X sempre teve um papel importante no cenário das redes sociais: concentrava conteúdos em textos, permitia encontrar notícias em primeira mão e ainda garantia mais opções de interação com uma comunidade. O Canaltech conversou com profissionais que usavam a plataforma para entender quais caminhos foram seguidos após a suspensão.

Espaço para viralização

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O X sempre foi considerado uma opção para aumentar a visibilidade de uma marca ou criadora de conteúdo pelas possibilidades de viralização — era comum “hitar” por lá com um post específico e expandir o alcance para mais pessoas. Além disso, os diferentes formatos de conteúdo disponíveis também ajudavam a ampliar o engajamento com a comunidade.

A influenciadora Fabiana Lima, do perfil @cinemafilia, começou no Instagram e depois foi para o X para encontrar uma nova parcela de audiência. Ela destaca que a rede trazia novas opções de alcance e versatilidade para planejar o conteúdo.

“Eu descobri o X como uma boa ferramenta em termos de viralização de conteúdo, principalmente no nicho de cinema. Era um alcance muito rápido e eu consegui um contato muito grande através da plataforma”, comenta ao Canaltech. “Usava todos os dias para fazer fios, indicação de filmes, opiniões, e também era um bom lugar para redirecionar pessoas a outros textos”.

Limitações nos concorrentes

Após o bloqueio, Fabiana Lima decidiu dividir o trabalho do X em dois concorrentes da plataforma — o Threads, da Meta, e o Bluesky, fundado pelo antigo dono do X, Jack Dorsey. A influenciadora reforça que existem particularidades e vantagens em cada plataforma, além de uma audiência muito dividida. 

“O Threads, que já vem do Instagram, traz um público diferenciado. Lá, eu tenho mais pessoas do Instagram, e isso para mim é positivo porque era minha rede social principal antes do X”, explica. “Nesse sentido, eu consegui ter uma quantidade razoável de seguidores em poucos dias”.

No Bluesky, ela afirma encontrar uma experiência e um público mais similar ao que via no X, criando duas frentes com audiências diferentes. 

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“As pessoas que usavam o X de forma mais assídua conseguiram se identificar mais com o Bluesky, então boa parte do meu público do Twitter está lá. Eu sinto que tenho que manter as duas redes ativas porque tenho esse público mais nichado no Bluesky e também uma possibilidade de consolidar meu contato com as pessoas do Instagram pelo Threads”, explica. 

Por outro lado, ela reforça algumas limitações nos apps de cada plataforma. No caso do Bluesky, por exemplo, a rede ainda não tem suporte a vídeos e a um recurso para salvar publicações para vê-las depois, o que pode limitar o trabalho por lá. “Não tem como salvar, então não é muito interessante fazer fios com recomendações, que viralizavam muito na outra rede”.

No caso do Threads, um ponto negativo está no feed principal, que mostra posts de contas que a pessoa não segue — é possível trocar para um feed cronológico apenas com os perfis seguidos, mas isso não vem ativado por padrão. “Eu ainda vejo como uma rede social confusa. Acho que as pessoas têm uma dificuldade para usar e conseguir filtrar aquilo que aparece na timeline”, comenta Fabiana Lima.

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Apesar do trabalho em duas redes ao mesmo tempo, ela ainda vê alguns pontos positivos em sair do X, principalmente com relação aos anúncios e sugestões de conteúdo. “Essas redes estão bem mais ‘limpas’ que o X, que teve algumas coisas ruins nos últimos meses: a quantidade de anúncios, o conteúdo de discurso de ódio. Então essas redes não tem isso, o que com certeza é um fator positivo”, conclui.

Mudança no planejamento de marcas

Agências de publicidade e profissionais de mídias sociais também precisam buscar alternativas no X — mesmo com quedas nos anúncios na rede, a plataforma ainda era muito usada por marcas para facilitar a interação e o atendimento com o público.

A supervisora de mídia Mariana Ribeiro informa que o X tinha valor para aumentar a visibilidade da marca. “Usava em campanhas pontuais cujo objetivo maior era gerar reconhecimento de marca e interações: fazer a marca ser vista e as pessoas engajarem com ela”, explica ao Canaltech. “Era bom para engajamento, gerava uma quantidade de interações de forma mais abrupta”.

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Desfalque para acompanhar a audiência

Um dos principais pontos negativos do bloqueio do X para as marcas é o impacto no social listening, prática usada para acompanhar como o público está falando de uma empresa ou produto na internet, mesmo que de forma indireta, sem interagir diretamente com o perfil oficial. 

Além dos registros em texto, o antigo Twitter trazia opções de busca avançada para filtrar posts por nome de usuário, data ou número mínimo de interações, por exemplo. Concorrentes como Threads e Bluesky têm opções mais simples de pesquisa e contam com uma base de usuários menor ou menos ativa. 

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“Nós tínhamos uma visualização com mais afinco de social listening. Acredito que a Meta no geral consiga suprir com o Instagram e o Facebook, mas obviamente não da mesma forma que o X”, explica Mariana Ribeiro. 

A rede social só deve voltar a funcionar no país caso a empresa atenda às solicitações da Justiça brasileira, incluindo a nomeação de um representante legal no país, pagamento de multas e bloqueio de contas associadas a conteúdos criminosos ou antidemocráticos. Porém, a supervisora de mídia não garante que voltaria a promover marcas por lá num eventual retorno. “Depende de como vai ser o comportamento do público, onde as pessoas vão se estabelecer e se haverá possibilidade de anunciar nessas plataformas”, completa.

Saiba mais sobre a suspensão do X no Brasil: