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Roteirista de fases clássicas do Justiceiro critica mudança da Marvel

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O Justiceiro vem passando por uma situação curiosa, em que os bastidores e o comportamento dos leitores afetaram sua publicação e levaram a Marvel Comics a mudar várias coisas, com o traje, o símbolo do personagem e até mesmo o protagonista. E um dos roteiristas que mais fizeram sucesso com Frank Castle não está nada feliz com isso, deixando clara sua insatisfação por meio de críticas abertas contra as atitudes da Casa das Ideias.

Antes de abordarmos as críticas, vamos lembrar o rolê que causou a treta envolvendo o Justiceiro e o atual cenário político mundial. Desde que estreou em 1974, o Justiceiro nunca foi um personagem fácil de lidar, já que sua matança e obsessão por vingança o deixam um pouco à parte dos heróis clássicos e, digamos, menos violentos.

Apesar de sua agressividade e da mensagem “pouco construtiva” em relação às tradicionais histórias de heróis, o Justiceiro sempre teve grande apelo junto aos leitores da “classe trabalhadora”. E, em 1994, o roteirista Chuck Dixon obteve muito sucesso com o personagem, ao colocá-lo contra a máfia, em uma pegada que transformou Frank Castle em um anti-herói com elementos de faroeste.

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Depois disso, o personagem passou por altos e baixos, com uma série de relativo sucesso em 2004, quando o escritor Garth Ennis explorou mais seu passado como oficial do exército, em tramas com muito humor sombrio. Mas, depois, o Justiceiro voltou a capengar, oscilando bons e maus momentos, sempre melhor como coadjuvante do que em suas próprias histórias.

Tretas políticas e a mudança do símbolo do Justiceiro

Nos últimos anos, com a ascensão da extrema direita e escalada da violência entre pólos políticos, muitos manifestantes passaram a usar o símbolo da caveira do Justiceiro como uma forma de expressar a simpatia por meios mais agressivos de lidar com os bandidos — como “apoio” ao armamento de civis e medidas de tolerância zero no combate ao crime.

Com o tempo, militares e a polícia também aderiram ao símbolo, deturpando seu uso como referência ao personagem e explorando seu ícone para “identificar” os simpatizantes de ideais alinhados com a extrema direita.

A Marvel não gostou nada disso, e mesmo dizendo publicamente que o símbolo vinha sendo atribuído a visões políticas e comportamentais que nada tinham a ver com o personagem, viu-se na obrigação de fazer algo para impedir que o Justiceiro e sua logo fossem “sequestrados” para manifestar atividades e orientações intolerantes e violentas.

Assim, a Marvel aposentou temporariamente o símbolo da caveira, trocando-o por outro design; e colocou Frank Castle em uma jornada que questionava suas motivações. Ao final desse arco, ela encerrou as atividades de Castle por tempo indeterminado — que é seu status atual, sumido da continuidade oficial da editora.

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O novo Justiceiro e a bronca de Chuck Dixon

Depois disso tudo, a Marvel anunciou no mês passado a chegada de um novo Justiceiro, que estreia em novembro. Joe Garrison, além de mais jovem e loiro, vai trazer motivações mais alinhadas com o mundo atual, além de um uniforme que funciona como uma reformulação do design do símbolo original. E aí é que entra a bronca de Chuck Dixon.

Recentemente, Dixon usou seu podcast no YouTube para criticar a Marvel, dizendo que a editora transmite uma sensação de constrangimento em relação à popularidade do personagem em determinadas comunidades, principalmente entre os militares e a polícia.

Dixon observou que personagens de origem operária, como Justiceiro, atraíram públicos específicos devido à sua capacidade de identificação e perspectivas únicas."A principal razão pela qual eles [editores da Marvel] queriam se livrar do Justiceiro é porque odiavam-o, e odeiam você por gostar dele", esbravejou.

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O roteirista comparou a situação com a inesperada popularidade de Archie Bunker, um veterano da Segunda Guerra Mundial que veio da classe trabalhadora e protagonizava um sitcom de sucesso dos anos 1970, All in the Family, destacando como o terreno comum pode levar à devoção aos personagens.

Dixon teorizou que o desconforto da Marvel com esse tipo de exibição pode tê-los levado a "mutilá-lo" e "destruí-lo", um movimento que ele considerou sem precedentes na indústria do entretenimento.

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Esse rolê com Frank Castle parece que ainda vai dar bastante pano para manga, especialmente quando o novo Justiceiro estrear em novembro — e, claro quando o original também voltar, embora isso, aparentemente, não vá acontecer tão cedo. Seguimos acompanhando.