Publicidade

Robin revela por que as últimas palavras de Alfred são de partir o coração

Por  | 

Compartilhe:
DC Comics
DC Comics

Pode ser que você não saiba ou até nem tenha notado, mas Alfred Pennyworth, o famoso mordomo que se tornou protetor paternal, um parceiro valioso nos combate ao crime, um faz-tudo que cuidou sozinho de vários órfãos revoltados ao longo de décadas; não está mais entre nós desde 2019. Sua morte foi uma das mais brutais e chocantes dos quadrinhos, e também permanente, o que torna sua ausência ainda mais doída.

Atenção para spoilers de Batman and Robin #12!

Quando o escritor Tom King assumiu os títulos do Batman, em 2016, o Universo DC ainda lidava com incongruências cronológicas causadas pelo cancelamento do reboot Novos 52. Uma das bizarrices era o fato de todos os heróis terem retornado ao seu primeiro ano de carreira no combate ao crime, entre 18-21 anos de idade, e Bruce Wayne continuar com a mesma aparência de antes e ainda ter cinco Robins na BatFamília.

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

King, então, passou a desenvolver a fase do “próximo passo” na vida do herói. Isso significa que as tramas pararam de lembrar ou justificar o tempo todo as ações de Batman por conta do trauma da morte de seus pais. Afinal, existe terapia, e milhares de pessoas passam pelo mesmo problema diariamente, e, mesmo assim, ninguém sai por aí pulando pelos prédios vestido de morcego torrando a herança para distribuir soco na boca de bandido com um monte de cacareco hi-tech.

Nessa fase, Batman chegou a confessar que caça bandidos simplesmente porque gosta de bater neles — perturbado, porém, honesto. E foi nessa época que o Homem-Morcego passou por outro acontecimento trágico, que determinou a mudança de fase para a atual: a morte brutal de Alfred nas mãos de Bane, finalmente promovido a arqui-inimigo de hierarquia nivelada com o patamar do Coringa, Charada, Duas-Caras, Pinguim, entre outro que já venceram o Cavaleiro das Trevas.

Por que o Robin sofre até hoje com isso?

Sei que talvez vocês prefiram respostas fáceis e curtas, mas é preciso contextualizar bem o que aconteceu para entender por completo o jogo de semelhanças e de passagem de fase que a morte de Alfred causou. Além do reposicionamento de Bane, a dinâmica da BatFamília ficou mais complexa. Quando o vilão tomou conta da cidade, ele impôs uma derrota física, moral, psicológica, emocional e intelectual a Bruce Wayne.

O descontrole e falta de preparo para lidar com isso azedou a relação dele com Dick Grayson e Barbara Gordon; afastou Tim Drake e enfureceu ainda mais Jason Todd. Batman teve até que recrutar um outro Robin para ajudá-lo a monitorar a cidade durante o dia, enquanto Bruce finalmente descansava um pouco; e se submeteu a parcerias questionáveis com vigilantes esdrúxulos. 

E, o pior, foi quando, já com a cidade sob controle, Batman sofreu mais um revés por conta de sua incapacidade de ser um bom pai. Damian Wayne via em Alfred a figura paterna que Bruce sequer tentou ser. Quando Bane anunciou o sequestro do mordomo e ameaçou matá-lo caso qualquer herói tentasse impedir seus planos, o Homem-Morcego, que sempre tem suas contingências, foi incapaz de perceber ou prever o impulso do Robin que tem seu sangue nas veias.

Continua após a publicidade

Assim, quando Damian tentou resgatar Alfred, Bane chocou a sociedade ao virar do avesso o pescoço do mordomo na frente do Robin. A cena atormenta o menino até hoje, que se sente culpado, assim como Bruce sentia com a morte de seus pais. E, assim, o Menino Prodígio passou a ter um flashback tão assombroso quanto o do Homem-Morcego. 

E,. além de rasgar o coração dos leitores na época, a DC agora faz questão de tornar essa perda ainda mais dolorosa: em Batman and Robin #12, lançado recentemente, um flashback mostra que, meses antes de ser capturado por Bane, Alfred tentou convencer Damian a ficar na Mansão Wayne quando o jovem abandonou o local.

Alfred sabia que Damian aceitava suas orientações, e ele queria conversar sobre seus sentimentos. A lembrança amarga mostra que Robin não escutou, dizendo que aproveitaria o fato de Batman estar distraído com a Mulher-Gato para ir embora. Quando o garoto sai, seu “pai” lembrou-o que a Mansão Wayne é seu lar. E, sem tentar obrigá-lo, comenta com o jovem que aguardava revê-lo “em melhores circunstâncias”.

Continua após a publicidade

Pois é, o encontro seguinte não se manifestou como Alfred esperava. Isso agrega mais uma camada de remorso, pois, além de falhar no resgate e ativar o gatilho para Bane emular o filme O Exorcista com a cabeça do mordomo, Damian também se arrepende profundamente de ter recusado a ajuda de seu “pai” rara oportunidade de puro amor e dedicação em sua vida.

A importância de Alfred continuar morto

Uma das coisas que têm marcado a vida do Batman desde meados dos anos 1980 são eventos traumáticos e chocantes capazes de estabelecer um ponto de referência de passagem de tempo; de mudança, de um passo adiante no desenvolvimento de um herói que está nas bancas mensalmente desde os anos 1930.

É uma forma de adicionar “feridas de guerra” e de avançar um pouco a idade do herói. Antes, parecia que todo mundo envelhece um pouco, menos Wayne, que parecia até rejuvenescer, de forma que isso afetava toda a cronologia ao seu redor.

Continua após a publicidade

Era estranho, por exemplo, ver alienígenas e meta-humanos casando, tendo filhos e ficando de cabelos brancos enquanto o humano que menos dorme e mais se autodestrói parecendo um jovem ainda no começo dos 20 anos de idade. E isso era ainda mais esquisito quando outros heróis mirins ficavam adultos vivendo na mesma esfera que Bruce — isso aconteceu com o Asa Noturna, por exemplo.

Então, depois de Batman: O Cavaleiro das Trevas, publicado em 1986, o Homem-Morcego viu o Robin Jason Todd ser brutalmente espancado até a morte pelo Coringa; ficou paralítico por um tempo, por conta do mesmo Bane; foi dado como morto depois de levar uma saraivada de Raios Ômega de Darkseid; e por aí vai.

Continua após a publicidade

A cada momento desses, Batman teve seu cenário todo atualizado, em uma progressão mais natural de sua trajetória. E Alfred, além de determinar o fim de um ciclo para o Homem-Morcego, também estabeleceu o amadurecimento de Damian, que pôde crescer cronologicamente e como personagem.