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Segredo no pôster do Quarteto Fantástico traz à tona a HQ mais sombria da Marvel

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Se você é um fã da Marvel Comics de longa data e de olhar apurado deve ter notado algo que muitos não observaram ao verem o pôster de divulgação de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, a entrada da Primeira Família de Heróis no Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês). Basta uma olhada no canto inferior direito, no primeiro plano, para enxergar ali uma figura conhecida, o personagem repórter Phil Sheldon.

Sheldon ficou amplamente conhecido pelos fãs na década de 1990 por protagonizar a famosa minissérie Marvels. Naquela época, o mundo estava fascinado pela arte realista pintada de Alex Ross, então, a Casa das Ideias logo tratou de encomendar uma história com o ilustrador em ascensão, ao lado do escritor Kurt Busiek.

Em 1994, a Casa das Ideias trouxe em Marvels uma diferente perspectiva de seus ícones, a partir do olhar do “homem comum” nas calçadas, por meio das fotos tiradas pelas lentes de Phil Sheldon, que trabalhava no Clarim Diário.

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A trama de Marvels acontece em uma Terra alternativa do Multiverso Marvel, e uma das grande sacadas de Busiek na narrativa foi contar a trajetória das “maravilhas”, os superseres da Terra, em um ordem cronológica realista. 

Assim, pudemos ver como seria a proliferação dos superseres da Marvel, desde o final dos anos 1930, com o Capitão América, passando pelos anos 1960 com o Quarteto Fantástico e Galactus, até as décadas seguintes.

O auge da trama acontece com Sheldon e suas filhas presenciando um ataque de Sentinelas contra os X-Men, em uma história que termina quase nos anos 1980 — quando começa a chamada Era de Bronze dos Quadrinhos.

Marvels fez muito sucesso. E como a Marvel Comics, assim como todo o mercado de super-heróis, andava com vendas muito baixas, logo pensou em uma espécie de sequência.

Mas ninguém estava preparado para o que seria a “sequência espiritual” chamada Ruins (ou Ruínas).

Ruínas é até hoje a HQ mais sombria da Marvel

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Escrita por Warren Ellis, conhecido pelo tom ácido na linha de Alan Moore e Grant Morrison, Ruins tinha em comum com Marvels o mesmo tipo de narrativa em ordem cronológica realista, a partir das lentes do também Phil Sheldon. Acontece que, em vez de “maravilhas”, os leitores foram apresentados a um mundo depressivo e distópico da Terra-9591.

Atenção: a partir daqui há descrições, imagem e trechos sobre violência e detalhes sensíveis!

Ruins deu aos heróis as piores consequências possíveis aos acidentes e habilidades recebidas pelos heróis tradicionais da Terra-616. Em vez de poderes, muitos morreram ou sofreram complicações terríveis e crueis, tiradas de um verdadeiro pesadelo lynchiano. Os desenhos pintados de Terese Nielse, Cliff Nielsen e Chris Moeller deixaram tudo ainda mais perturbador, pois as ilustrações soaram como uma antítese à bela arte de Alex Ross.

Em um mundo em que o Capitão América e os Vingadores foram assassinados no Quinjet com a explosão de um míssil, vemos que a Radiação Gama não transformou o cientista Bruce Banner em Hulk, e sim em uma criatura verde de massa de carne disforme. 

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Nick Fury, em vez de um espião, é um canibal psicótico que mata a jovem Jean Grey, uma mutante que lê mentes e é prostituta, com um tiro em sua cabeça. O jovem Matt Murdock, ao sofrer um acidente com um líquido químico que cai em seus olhos, não se torna o Demolidor, apenas morre. E um certo Peter Parker, ao ser picado por uma aranha geneticamente modificada, sofre com uma doença incurável e terrível que deforma seu corpo e corrói sua pele.

A jornada de Sheldon o leva a uma prisão que mantém vários mutantes mutilados para controlar seus poderes, e mais tarde visita uma festa onde Johnny Blaze, o “Motoqueiro Fantasma", comete suicídio em uma façanha final, colocando fogo em sua cabeça. O único "herói" neste mundo é Ben Grimm, que escolheu não pilotar a nave que transportava o Quarteto Fantástico, poupando-o dos destinos terríveis que se abateram sobre Reed Richards e os outros amigos.

Ruins segue tornando a vida de cada uma das principais figuras da Marvel em um obituário perturbador até a sua conclusão. Nos anos seguintes, a editora até “brincou” com níveis extremos de violência semelhantes, em histórias do Justiceiro e de Deadpool. Contudo, nunca chegou nem perto de fazer algo tão depressivo e depravado quanto a minissérie que veio à tona nesta semana ironicamente por meio de um cartaz inocente. 

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E, até hoje, mais de 30 anos depois, Ruins continua sendo a HQ mais sombria já publicada pela Casa das Ideias.