Invasão Secreta | Marvel usou a saga para corrigir erros cronológicos
Por Claudio Yuge | 21 de Junho de 2023 às 18h00
Depois de um longo hiato, a Marvel Studios finalmente retorna para o Disney+ nesta semana, com a estreia da tão aguardada Invasão Secreta. A série adapta o aclamado evento dos quadrinhos de mesmo nome, que ajudou a Marvel Comics a se reerguer e tornar seu universo mais atrativo para uma audiência mais ampla, com novos leitores.
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Atenção para spoilers da versão original em quadrinhos de Guerras Secretas!
A trama de Invasão Secreta nos quadrinhos remonta à Guerra Kree-Skrull, em um período em que os Illuminati, equipe formada por vários líderes de grupos de heróis da Marvel, tentou intervir de forma proativa e acabou sequestrada pelos Skrulls. Com o mapeamento dos genes humanos, os alienígenas conseguiram aperfeiçoar sua habilidade natural de mudar de aparência para se infiltrarem na Terra.
Décadas depois dessa Invasão Secreta, milhares de Skrulls estão se escondendo entre os humanos — desde pessoas “comuns”, passando por líderes mundiais, até heróis e vilões. E, então, chega um momento em que a invasão eclode da própria humanidade, com os alienígenas finalmente revelando-se.
A premissa, por si só, já é ótima, e a adaptação segue o mesmo tom de desconfiança e paranóia que tomou conta da atmosfera das histórias em 2008, quando Invasão Secreta foi publicada. E você sabia que a saga também ajudou a empresa a corrigir erros cronológicos?
Como a Marvel Comics corrigiu erros cronológicos nos quadrinhos com Invasão Secreta?
Como dito acima, a Marvel Comics vivia um grande momento de retomada em 2008, ao conseguir recuperar franquias solo de personagens como Capitão América, Thor e Homem de Ferro; e, principalmente, de voltar a ter os Vingadores como carro-chefe da editora. Era um recomeço, que ainda precisava da reformulação constante da Casa das Ideias.
Desde o começo dos anos 2000, a Marvel Comics passou a adotar uma forma diferente de “rebootar” histórias e personagens, tornando a continuidade retroativa como parte dinâmica da própria trama de suas sagas. Ela tinha feito isso com sucesso em Vingadores: A Queda, em 2004, ao desconstruir os Vingadores, e realizou isso com maestria em Invasão Secreta.
Após muitas ideias mirabolantes nos anos 1990, que acabaram por complicar ainda mais a cronologia de vários personagens, o Universo Marvel no começo dos anos 2000 era hostil para novos leitores. Isso acontecia não apenas por histórias ruins, mas por falta de diálogo interno e decisões sobre franquias e tramas importantes — tinha muito personagem com sua trajetória toda zoada, e nem dava para entender quando algum evento realmente acontecia “em tempo real” para todos.
E qual foi a solução para a Marvel? “Todo personagem que estiver com a cronologia mais zoada, vamos dizer que era um Skrull!” Bem, não foi exatamente isso que devem ter dito, mas, basicamente, foi o que aconteceu: em meio à ótima história, vimos que todas as esquisitices nos passados desconexos de Elektra, Mulher-Aranha, Hank Pym, Raio Negro, entre outros, puderam ser revisadas e recontadas a partir de heróis que retornaram depois de serem sequestrados por Skrulls. Ou seja, tudo de estranho que não se conectava à cronologia, era obra de um alienígena que estava no lugar dessas pessoas.
A tática deu certo, e não somente entregou uma ótima história como mudou a própria abordagem da companhia. Pouco tempo depois, a Marvel Comics ganharia uma “turbinada”, a partir da estreia da Marvel Studios; mas, antes mesmo de isso acontecer, já tinha posto em prática uma estratégia que até hoje dita a forma com que ela lida com reboots e continuidade retroativa — aliás, nada impede que ela repita isso com a série do Disney+ e seu Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigle em inglês), certo?