DC Comics explica a importância de o Robin Tim Drake se assumir bissexual
Por Felipe Gugelmin | Editado por Claudio Yuge | 12 de Agosto de 2021 às 22h00
Tim Drake, o terceiro Robin, é bissexual. A revelação foi feita esta semana pelas páginas de Batman: Urban Legends #6, que mostram o personagem marcando um encontro com um garoto. Após a revelação se espalhar pela internet, a DC Comics publicou na última quarta-feira (11) um texto em seu blog oficial em que lembra a história do personagem e reforça a importância desse momento.
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“Se você é um membro da significativa comunidade queer da DC, então você já entende porque esse é um grande momento. De fato, você provavelmente esteve esperando por um momento como esse por um longo tempo. Mas, para os não iniciados, me deixem explicar”, afirma o texto assinado por Alex Jaffe.
Criado em 1989 por Marv Wolfman e Pat Broderick, Tim Drake assumiu o manto do Garoto Prodígio após a morte de Jason Todd e se tornou o Robin da infância de muitas pessoas que cresceram durante os anos 90. “Depois do assassinato de Jason Todd, foi Tim quem trouxe Batman de volta do lugar mais sombrio de sua vida — não para perseguir algum sonho pessoal ou para combater o crime usando fantasias, mas porque ‘Batman precisa de um Robin’”, explica Jaffe.
“O terceiro Robin sempre foi alguém que coloca as necessidades dos outros antes de si próprio, preenchendo espaços quando ninguém mais está disposto. Ele sustenta Batman, a Justiça Jovem e os Jovens Titãs como um Atlas cansado, sendo qualquer coisa que ele precisa ser para manter o mundo em equilíbrio. Mas esse também é o problema. Se Tim Drake pode ser qualquer coisa para qualquer pessoa, quem é ele para si mesmo? O que Tim Drake quer da vida? Qual é a sua verdadeira identidade?”, continua.
Expressando quem se é
Jaffe explica que, embora os quadrinhos sempre tivessem um elemento queer baseado na ideia de permitir a expressão pessoal através de uma roupa colorida, isso “um dia foi considerado escandaloso demais para uma nação primariamente homofóbica”. Enquanto crianças estavam descobrindo a si mesmas através de personagens como Robin, “juízes, psicólogos es até mesmo as próprias publicadoras” fizeram tudo o que podiam para censurar temas queer durante décadas.
“Mas mesmo enquanto esses temas eram suprimidos, especulações sobre a sexualidade de Robin nunca parou”, explica Jaffe. Ele explica que o personagem sempre teve a intenção de ser uma representação dos leitores, e seu manto já foi assumido por mulheres, negros, ricos e pobres. “Por que um leitor queer, especialmente aquele abertamente condenado ao ostracismo pela própria cultura dos quadrinhos por tantas décadas, se sentiria menos digno desse mesmo relacionamento substituto?”.
O autor explica que, desde o início, a história “Tim Drake: Sum of Our Parts” ("Tim Drake: Soma de Nossas Partes", em uma tradução livre) foi criada para permitir que Drake descobrisse a si mesmo. Nesse sentido surge a figura de Bernard Dowd, com quem o personagem não precisa assumir nenhuma responsabilidade ou papel que não seja quem ele é de verdade, sem ter que salvar o mundo ou representar um papel de liderança.
“Para uma certa porção significativa de leitores do Batman, os Gotham Outsiders (os "marginalizados de Gotham") que sempre se viram olhando para dentro, esse é um momento que vamos continuar falando sobre e celebrando durante anos”, afirma Jaffe. O autor afirma que o momento é importante por sua clareza: sem dar espaço para interpretações dúbias ou apelando para subtextos, a revelação de que Drake é bissexual representa um momento importante para o personagem e para a comunidade queer.
“O momento que um Robin, qualquer Robin, mas particularmente um Robin com uma história e um legado e agora com décadas de histórias com elementos queer codificados em seu cinto de utilidades, foi permitido ser o ícone queer que sempre foi”, explica o autor. “Esse não é o fim da jornada de descoberta pessoal de Tim Drake. Só chegamos ao começo”, promete. “Nação Drake, se levante. Não há volta agora”, finaliza Jaffe.
Fonte: DC Comics