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Cartunista brasileiro Angeli se aposenta das charges devido à doença afasia

Por| Editado por Claudio Yuge | 20 de Abril de 2022 às 14h30

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Reprodução/Angeli
Reprodução/Angeli

Após 50 anos de carreira, o cartunista Arnaldo Angeli Filho, o Angeli, um dos mais importantes nomes dos quadrinhos underground no Brasil, anunciou que está se aposentando das produções de charges inéditas nesta quarta-feira (20), por conta de um diagnóstico de afasia.

A afasia é uma doença neurodegenerativa que prejudica a comunicação do paciente, e que conforme evolui, pode chegar a incapacitar a expressão do indivíduo seja por forma verbal ou escrita. Recentemente, Bruce Willis, ator estadunidense famoso por filmes de ação como Duro de Matar, também anunciou a aposentadoria do cinema pela mesma condição de Angeli.

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A informação da aposentadoria de Angeli foi divulgada pelo perfil pessoal do chargista no Twitter e pela Folha de SP, jornal em que o cartunista colaborou com tiras e charges durante boa parte de seus 50 anos de carreira.

A importância de Angeli no quadrinho nacional

Nascido em 31 de agosto de 1956, Angeli começou cedo na carreira, tendo seu primeiro desenho publicado aos 14 anos na extinta revista Senhor. Sua colaboração com a Folha de S.Paulo teve início em 1973, com a publicação da tira Chiclete com Banana - seriado que ao passar dos anos introduziu personagens ícones dos quadrinhos underground brasileiro, como Bob Cuspe, os Skrotinhos e Rê Bordosa.

As obras de Angeli sempre abordavam cotidianos brasileiros sobre uma estética underground, com traços grossos e várias camadas de ironia. O sucesso levou a Chiclete com Banana virar uma publicação própria em 1985 pela Circo Editora, em que o título se tornou um sucesso de vendas brasileiro, chegando, segundo informações do site Cultura930, a ter 120 mil cópias em circulação.

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O sucesso se deu pela forma que Angeli retratava e abordava os assuntos da época — um período de transformação política e social em que a juventude brasileira começava a embarcar em movimentos e hábitos que, durante décadas, pareciam fora da realidade do país. A publicação solo durou até meados dos anos 1990, mas continuando a publicar tiras na Folha de S. Paulo.

Angeli continuou publicando tiras na Folha de S. Paulo por cerca de duas décadas após o fim da revista Chiclete com Banana — com o mesmo tom narrativo — anterior, e ainda com a mesma capacidade de atrair os sentimentos de jovens e adultos brasileiros. Em 2016, porém, ele também parou com as tiras, se dedicando somente as charges políticas.

Para a cartunista Laerte, outro importante ícone dos quadrinhos brasileiros, em entrevista para a Folha de S. Paulo, Angeli é um pilar do humor paulista e do conteúdo de tiras de jornais no país: "A ponte que ele faz entre a linguagem dos quadrinhos e dos cartuns é algo inédito, absolutamente dele. Tem um traço plasticamente muito forte, que ficou mais evidente nas suas charges mais recentes. Uma espécie de expressionismo da Casa Verde." afirma a artista sobre o colega de profissão.

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Fonte: Folha de S. Paulo, Angeli, Cultura930