Capitão América reforça sua verdadeira missão em um universo sem os EUA
Por Claudio Yuge |
Embora sempre carregue os ideais da “América que deu certo”, o Capitão América há muito tempo já não representa apenas o patriotismo e os objetivos geopolíticos dos Estados Unidos nos quadrinhos. Muita gente ainda associa o Sentinela da Liberdade ao ufanismo de seu povo, mas o que isso significa em uma realidade em que o país dos ianques simplesmente não existe mais? É isso o que vemos acontecer no novo Universo Ultimate, em uma trama que reforça sua verdadeira missão.
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Atenção para spoilers de The Ultimates (2024) #1!
Para os que andam por fora sobre o que vem acontecendo com a nova linha Ultimate, a Marvel Comics decidiu trazer de volta uma Terra alternativa com versões mais extremas, sombrias e realistas de seus personagens — assim como havia proposto no Universo Ultimate anterior, a Terra-1610, de onde veio Miles Morales.
Desde que a Terra-1610 pereceu nas Guerras Secretas de 2015, o Criador, uma versão maligna de Reed Richards, vinha arquitetando reformulação de uma Terra paralela em que ele pudesse manipular os eventos e dominar o mundo de acordo com suas vontades.
Assim, no ano passado, a Marvel Comics trouxe de volta o Universo Ultimate, desta vez em um mundo “sem heróis”, a Terra-6160: o Criador escapou da Terra-616, a tradicional, e interferiu nos eventos que deram origem aos defensores que conhecemos. Assim, Peter Parker, por exemplo, nunca foi picado por uma aranha radioativa quando adolescente.
O mundo da Terra-6160, portanto, não possui a mesma divisão geopolítica que conhecemos, muito menos o mesmo mapa. A divisão de cada território se deu de acordo com os membros de um conselho secreto de supervilões. Esse grupo fabrica conflitos e manipula as narrativas de acontecimentos históricos para manter a humanidade em um estado “dócil”.
E é nesse contexto que os heróis começam a ressurgir, em um esforço liderado pelo Homem de Ferro Howard Stark formando os Vingadores com o seu filho, o Rapaz de Ferro, Tony Stark, e outras figuras conhecidas em versões que têm histórias de origem completamente diferentes.
Capitão América sem América
Depois que Stark consegue reunir vários heróis e recuperar o Capitão América do gelo antes que o Criador pudesse interferir no destino de Steve Rogers, os Supremos (ou Ultimates) desse novo Universo Ultimate começa a operar. E é aí que vemos o Sentinela da Liberdade ganhar um significado diferente, já que os Estados Unidos não existem mais nessa realidade.
Em The Ultimates #1, lançado recentemente, Steve Rogers acorda em um mundo contemporâneo chocantemente diferente, e, claro, sua primeira reação é atacar. O Capitão América é contido por Tony Stark, o Rapaz de Ferro, e por Doutor Destino, o Reed Richards dessa realidade — lembrando que o Criador, o Reed do Universo Ultimate anterior, é o vilão O Criador.
É nesta sequência inicial que Rogers é informado sobre a dissolução dos Estados Unidos em 1969, a partir da decisão do conselho secreto de supervilões do Criador, que governa a todos pela força e coerção. E aí vemos o Capitão América reforçar sua verdadeira missão, algo que a Marvel Comics vem atualizando desde os anos 1990.
Já escrevi uma matéria detalhada sobre isso, então é recomendável lê-la também, contudo, o resumo é que, editorialmente, o Capitão América, embora ainda carregue os “ideais da América”, vem lutando há décadas pela liberdade. Isso é visível em todas as suas fases mais recentes e até mesmo no Universo Cinematográfico Marvel (MCU, na sigla em inglês), em que ele acaba lutando contra o governo em todos os filmes.
Assim, nesse novo Universo Ultimate, a Casa das Ideias reforça a missão do Capitão América, que, não importa em que realidade, o herói sempre vai lutar pela liberdade — mesmo em uma Terra em que os Estados Unidos, ou as Américas, nem mesmo existam mais.