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Batman polêmico: DC cancela HQ adulta do Capuz Vermelho logo após estreia

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DC Comics
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Nos últimos anos temos visto um crescente número de casos em que a opinião pública do mundo real tem influenciado diretamente as impressões de títulos de super-heróis da DC Comics e da Marvel Comics. Agora, uma caracterização incoerente de Jason Todd, o segundo Robin conhecido como Capuz Vermelho, força o encerramento de uma série derivada de Batman no selo adulto Black Label.

Antes de falar exatamente sobre o teor da trama e as reações que levaram ao cancelamento, é preciso contextualizar alguns fatos relevantes. Desde meados dos anos 2010, a indústria tem registrado uma escalada de manifestações e comportamentos polêmicos, tanto na web quanto na vida real, que têm respingado imediatamente sobre publicações da Marvel e da DC.

Com mais exposição e reações em redes sociais, as editoras se veêm forçadas a rever e barrar assuntos, refazer capas e diálogos e até reimprimir ou recolher revistas — seja por cautela ou por conta da revisão de equívocos e mensagens que causam desconforto e críticas mais severas. 

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Vejamos alguns desses exemplos que nos levaram até aqui desde o começo de 2010. Em 2014, a Marvel Comics teve que trocar a capa de Spider-Woman #1 devido a um desenho muito sugestivo do artista Milo Manara, conhecido por suas ilustrações eróticas.

Em 2015, o desenhista brasileiro Rafael Albuquerque foi duramente criticado por fãs em rede sociais e teve sua arte que homenageia o clássico oitentista Batman - A Piada Mortal removida da capa de Batgirl Vol.4 #41. A história original já é polêmica por si só ao mostrar Barbara Gordon, adulta, sendo violada; e a capa moderna foi rejeitada por “celebrar” esse momento sombrio justamente quando a heroína tinha uma caracterização adolescente e simbolizava representatividade e protagonismo de garotas durante o movimento de empoderamento feminino “MeToo”.

O selo adulto Black Label, já na sua estreia, em 2018, causou polêmica ao exibir a silhueta do pênis do Homem-Morcego em Batman: Maldito. A DC Comics foi obrigada a recolher e reimprimir o título com o desenho “corrigido”. 

E, mais recentemente, há também o retorno do uso da logo de caveira do Justiceiro, após um hiato de seis anos sem a Marvel estampando o traje do personagem. A Casa das Ideias vinha evitando o símbolo icônico enquanto policiais violentos e a extrema direita se apropriaram recorrentemente da imagem em manifestações racistas e mensagens de ódio.

O cancelamento da série adulta do Capuz Vermelho

Pois bem, agora chegamos à nova série Red Hood como parte do selo Black Label, voltado a leituras para adultos e discretamente conectado à principal continuidade do Universo DC. A revista havia sido anunciada pela editora em junho e chegou às bancas nesta quarta-feira (10). A série acompanharia Capuz Vermelho e sua companheira anti-heroína Caçadora enquanto se uniam fora de Gotham City, operando além da influência do Batman na cidade de Nova Angelique.

Acontece que o lançamento acontece justamente em meio a postagens controversas da roteirista do título, Gretchen Felker-Martin, bastante criticada por zombar de uma vítima de tiro e de desumanizar policiais em comentários públicos nas redes sociais sobre o assassinato do ativista político, autor e personalidade da mídia Charlie Kirk.

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Na mesma noite de estreia, a DC Comics anunciou o encerramento imediato da nova série protagonizada por Jason Todd. "A DC Comics cancela os pedidos existentes de Red Hood #2 e Red Hood #3, e quaisquer pedidos de edições futuras da série. A DC Comics dará crédito aos varejistas por todas as cópias faturadas de Red Hood #1, incluindo as cópias que já tenham sido vendidas", diz o comunicado.

Quando contatada por vários veículos gringos como Popverse, Cosmic Book, AIPT, ComicBookMovie e Bleeding Cool para mais esclarecimentos sobre o cancelamento, a DC respondeu: "Na DC Comics, damos o maior valor aos nossos criadores e à comunidade e afirmamos o direito à expressão pacífica e individual de pontos de vista pessoais. Postagens ou comentários públicos que possam ser vistos como promotores de hostilidade ou violência são inconsistentes com os padrões de conduta da DC".

Postagens da roteirista foram o estopim

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Mesmo antes do lançamento, a nova série Red Hood já estava cercada de desconfiança. Os fãs notaram que a representação do personagem em prévias sobre a trama conflitava com o crescimento de Jason Todd na recente temporada de Batman de Chip Zdarsky.

Isso porque, recentemente, o personagem retornou à sua persona moralmente cinzenta e odiosa por Batman, ainda ressentido por Bruce não ter matado o Coringa — o Palhaço do Crime assassinou brutalmente o segundo Robin em Batman: Uma Morte na Família, em 1989; e Jason renasceu mais violento anos depois.

Além disso, o cancelamento ocorre em um momento em que a cronologia das grandes sagas do Batman vem enfrentando atrasos — o arco H2SH (o sucessor de Hush, ou Silêncio no Brasil) teve várias edições adiadas por meses e seu desfecho foi remarcado para novembro de 2025 e janeiro de 2026.

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Isso tudo aumenta a atenção e a sensibilidade do público para spin-offs e títulos relacionados. Alguns analistas do mercado apontam que atrasos e controvérsias editoriais recentes deixaram a comunidade de fãs mais vigilante e as editoras mais reativas a crises de imagem.

Assim, o fator decisivo para o cancelamento foram as declarações do autor e a reação pública em torno delas.

Repercussão entre criadores e fãs

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Relatos publicados por sites especializados mostram capturas e transcrições de mensagens do perfil público atribuídos à autora que teriam sido consideradas ofensivas e comemorativas em relação ao atentado — publicações removidas e a conta suspensa em seguida. Esses registros teriam motivado a reação intensa dos usuários e a rápida resposta da editora.

Nas horas seguintes ao anúncio, mensagens de apoio e críticas ao cancelamento se espalharam por redes e fóruns especializados — parte do público defendeu a medida da DC como necessária diante de linguagem que, segundo alguns, incentiva violência; outros acusaram a editora de censura ou de reação exagerada

Até o momento da publicação desta matéria, nenhum representante formal do roteirista ou do artista da revista havia emitido declaração pública oficial.

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