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Quantos livros você teria que comprar para o Kindle valer a pena?

Por| Editado por Léo Müller | 10 de Março de 2022 às 10h15

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Erick Teixeira/Canaltech
Erick Teixeira/Canaltech
Kindle Paperwhite (11ª Geração)

Já fazem quase quinze anos desde que a Amazon lançou o primeiro modelo do Kindle, em novembro de 2007. De lá para cá, os leitores digitais da gigante do varejo se tornaram cada vez mais populares e, na sua história, atraiu os usuários tanto pela praticidade quanto pela economia — já que os ebook são, geralmente, mais baratos do que um livro impresso.

Mas, na ponta do lápis, será que realmente sai mais barato comprar um Kindle e desembolsar valores teoricamente mais baixos pelos livros digitais, ou a economia é maior se comprar as versões impressas das obras?

O Kindle realmente oferece essa economia que fizeram dele um sucesso? Para chegar a essa resposta, o Canaltech fez uma análise do preço dos dispositivos e comparou com as versões impressas e digitais de livros na Amazon. Além disso, eu conversei com alguns usuários do dispositivo para entender qual a forma de uso do dispositivo.

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Ebooks são, realmente, bem mais baratos que os livros impressos?

Para chegar a essa resposta, comparei os preços de trinta livros disponíveis na Amazon. Todas essas obras estão disponíveis na versão digital ou impressa.

Para as versões físicas, optei pela opção com capa simples, que geralmente é mais barata. Em outros casos, o livro com capa dura sai mais em conta, então utilizei este modelo.

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Também é importante destacar que escolhi títulos diversos, desde os modelos mais vendidos na loja de Jeff Bezos, até obras mais conhecidas — como a saga de Harry Potter, a coleção das “Crônicas de Gelo e Fogo”, ou a trilogia do Senhor dos Anéis — ou simplesmente obras mais “comuns”.

Como já é esperado, muitos ebooks estão, realmente, mais baratos do que a versão física. No entanto, a economia não é tão grande assim. Alguns livros estão apenas centavos mais barato na versão digital. “É assim que acaba”, de Colleen Hoover, por exemplo, custa R$ 34,89 no livro impresso com capa comum e R$ 34,11 no ebook. Uma diferença de apenas R$ 0,78.

Outros são realmente mais baratos, como “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, de J. K. Rowling. Ele custa, na sua versão impressa, R$ 35,47, enquanto o modelo digital sai por R$ 13,41 — uma economia de R$ 22,06. A economia ainda é maior para os assinantes do Kindle Unlimited, já que a obra está gratuita no catálogo do serviço.

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Entretanto, há casos em que o ebook está até mesmo mais caro do que a versão impressa. “O Hobbit”, de J.R.R. Tolkien, custa R$ 23,70 na versão de capa simples e R$ 31,41 na edição para o Kindle. Neste caso, sai R$ 7,71 mais barato comprar o livro físico. Até mesmo a edição de capa dura compensa mais, já que ela custa R$ 28,90.

Dessa forma, em média — com base nos títulos que pesquisei — a diferença entre versão impressa e digital é de apenas R$ 1,69. Arredondando para mais, já que algumas obras podem gerar uma economia maior, vamos considerar um valor de R$ 2 a menos nos ebooks.

Afinal, quantos livros você precisa comprar para valer a pena ter um Kindle?

Hoje, a Amazon comercializa, oficialmente, quatro modelos de Kindle — a versão mais básica da 10ª geração, o Kindle Paperwhite da 11ª Geração, o Kindle Paperwhite Signature Edition, também da 11ª Geração, e o Kindle Oasis, que é o modelo mais avançado.

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Primeiro, vamos considerar o aparelho mais simples, que é o Kindle da 10ª Geração. Ele custa, atualmente, R$ 399 para quem for parcelar ou R$ 379,05 para o pagamento à vista. Como o parcelamento é a norma entre os brasileiros, vamos considerar o valor maior.

Dessa forma, com um cálculo básico, seria preciso comprar cerca de 200 livros digitais na loja da Amazon para que o valor do produto seja “abatido” nas economias geradas pelas compras dos ebooks.

Além dele, também é importante estudar o caso do Kindle Paperwhite da 11ª Geração, que é o modelo que oferece o melhor custo-benefício. O dispositivo, atualmente, é vendido por R$ 649 na compra parcelada ou R$ 616,55 à vista.

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Considerando o valor maior, seria preciso comprar aproximadamente 325 livros digitais para “compensar” financeiramente a compra do leitor.

Kindle Unlimited oferece uma economia maior para quem lê muito

Para leitores mais ávidos, uma alternativa é aproveitar o serviço de assinatura de livros da marca, o Kindle Unlimited. Ele oferece uma grande biblioteca de livros digitais por R$ 19,90 mensais.

Ocasionalmente, a empresa faz promoções que liberam o serviço por um mês por R$ 1,90 ou até mesmo seis meses por R$ 9,90, como aconteceu da última vez. Mas, para simplificar, vamos fazer uma análise com o valor mensal cheio — que são os R$ 19,90.

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Para esse estudo, considerei a média de leitura dos brasileiros, que costumam consumir cerca de cinco livros por ano, entre títulos finalizados ou incompletos, segundo dados levantados pela Agência Brasil.

Como o valor da assinatura equivale a R$ 238,80 por ano, somado ao preço de um Kindle mais básico, temos um total de R$ 637,80 em um ano. Se o usuário lê cinco livros ao ano, e o valor médio de um livro físico é de R$ 35,80, a economia foi de R$ 178,98. Isso não chega nem perto de abater o valor pago pelo serviço, muito menos pelo leitor.

Considerando a média de preços de livros físicos e o valor do serviço acrescido ao de um leitor simples, é necessário ler cerca de 17 ou 18 livros por ano. Dessa forma, o usuário teria “recuperado” o que foi pago em ambos.

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É importante destacar que o catálogo do Unlimited está em crescente evolução, e a Amazon sempre adiciona novos títulos.

Apesar de muitos não serem tão atraentes, ainda é possível encontrar livros bem populares, como toda a saga de Harry Potter, além de “Animais Fantásticos e Onde Habitam” ou o clássico “Dom Casmurro” de Machado de Assis.

Fora isso, um Kindle pode durar muitos anos em mãos cuidadosas, mas estamos fazendo a conta toda baseada em um ano para facilitar o raciocínio.

Conforto é o maior atrativo em um Kindle

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Se antes, comprar um Kindle resultava em uma economia maior na hora de adquirir livros, hoje isso já não existe mais. Os preços de ebooks estão cada vez mais perto dos valores cobrados pelos livros digitais, o que não faz muito sentido, se considerarmos que praticamente não há custos com papel, produção ou logística.

Além disso, é possível encontrar títulos que estão até mesmo mais caros na versão digital do que na impressa. É claro, ainda dá para economizar até mais de 20 reais com obras específicas, mas a diferença média já não é mais tão atraente como era no passado.

Dessa forma, o que mais faz a cabeça de um leitor na hora de decidir pela compra de um livro ou Kindle é o conforto.

Conversei com alguns usuários dos dispositivos, e todos concordam que essa é a maior vantagem do e-reader da Amazon. O fato de poder ler em qualquer lugar sem carregar muito peso é o mais citado entre os meus entrevistados.

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Outro benefício do Kindle é que ele “incentiva” mais a descoberta de livros novos, já que, regularmente, há promoções realmente boas de títulos pouco conhecidos.

“Compro com bastante frequência. Abriu mais as portas... Agora eu compro um livro para saber se ele é bom, mesmo sem nunca ter ouvido falar. O preço ajuda”, comenta Johnny Oliveira, desenvolvedor web ouvido pelo Canaltech. "Às vezes, eu vejo um livro barato e dou uma chance, coisa que era mais raro com [livro] físico porque envolve mais do que só o preço”, completa.

O armazenamento dos livros físicos é outra preocupação dos usuários. Filipe Pereira, que trabalha como bibliotecário, destaca outra importância para a adoção dos ebooks: “Livros físicos sofrem muito com condições de armazenamento inadequadas, causando alergias e sendo propícios para infestações de algumas pragas.”

Além desses cuidados, o fato de poder ter uma biblioteca imensa dentro de um único dispositivo é outro ponto forte dos Kindles, já que economiza bastante espaço dentro de casa, principalmente quem costuma ler bastante.

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Por fim, a jornalista Nicole Siniscalchi menciona o apoio a autores anônimos e a facilidade que o Kindle oferece para a divulgação de seus trabalhos.

“Tem muitas escritoras anônimas que eu sigo, que eu leio e elas acabam compartilhando os livros, ou lançam capítulo por capítulo em suas páginas. Eu faço bastante esse tipo de leitura, acho muito legal.”