Nothing Phone (1) após 6 meses: durabilidade, desempenho e mais
Por Bruno Bertonzin • Editado por Léo Müller |

Já faz seis meses desde que o Nothing Phone (1) foi lançado, e nós fizemos um teste prolongado para analisar sua durabilidade e desempenho no mundo real.
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O Nothing Phone (1) foi o primeiro celular lançado pela recém-criada empresa de Carl Pei — o cofundador da OnePlus. Ele já completou seus primeiros seis meses de mercado, e eu usei o aparelho como meu celular principal pelos últimos três meses para descobrir se ele é realmente um bom companheiro no longo prazo, no mundo real.
O hype neste modelo foi grande, principalmente por parte dos entusiastas de tecnologia ou quem acompanha bastante o mercado de smartphones. O celular conta com um chip intermediário, mas tem especificações bem interessantes, como sua tela OLED e nada menos que 8 GB de memória RAM.
No papel, é um mid-range de respeito e ele até se saiu bem no nosso review, mas será que, no dia-a-dia ele compensa mesmo?
Design, construção e tela
O design foi um dos principais pontos positivos do celular em seu lançamento. A traseira transparente com os Glyphs — que são os LEDs que acendem quando o aparelho recebe notificações ou quando é colocado para carregar — dão um aspecto muito sofisticado e chamam bastante atenção, de forma positiva, é claro.
Tirando isso, o acabamento lembra bastante um iPhone: ele tem as laterais planas e, se não considerarmos o design da traseira, ele se passaria muito fácil por um celular da Apple para quem está mais distraído. A construção, no geral, também agrada bastante. Sua pegada é bem confortável e a traseira em vidro mantém o aspecto premium.
À primeira impressão, parece que a tela risca bastante, mas depois você perceberá que se trata de uma película pré-instalada. Após removida, o display é bem resistente, graças à proteção Gorilla Glass 5.
Por falar nisso, o painel tem seus prós e contras. Ele tem tecnologia OLED, que oferece bastante qualidade de exibição, com cores bem intensas e bastante definição. A resolução é de 1080 x 2400 pixels, com taxa de atualização adaptativa de até 120 Hz
Em contrapartida, achei que o brilho deixa um pouco a desejar. Eu usei bastante no painel do carro para ver o Waze e, em dias ensolarados, mesmo com o brilho máximo, a visualização era bastante comprometida. Se você for caminhar quando o sol está muito forte, também terá um pouco de dificuldade para enxergar tudo o que está na tela com clareza.
Problemas na tela
Um grave problema, porém, foi justamente com a tela. Após cerca de um mês e meio ou dois meses, eu comecei a notar que o display passou a apresentar retenção de imagem, que é uma espécie de burn-in: quando eu abro um app com fundo branco ou cinza, é possível ver “sombras” dos ícones dos apps que ficam na tela inicial.
Sabemos que telas OLED são propícias a isso, mas esse tipo de efeito só começa a surgir após muito tempo de uso. É bem curioso que no Nothing Phone (1) tenha surgido em menos de três meses.
O mais peculiar é que eu notei esse “efeito” de forma um pouco diferente do que geralmente acontece com casos de burn-in comuns. Conforme eu mudava a organização dos ícones na tela inicial, o suposto defeito também mudava após um tempo. Cheguei a alterar a posição dos ícones umas quatro vezes para confirmar isso.
É importante destacar que eu uso o celular de forma extrema: durante um tempo eu deixei o tempo de tela no máximo e o brilho sempre no alto — tanto para testar a bateria quanto para forçar o celular em alguns aspectos. No entanto, eu também faço isso com meu celular pessoal — que tem tela AMOLED — e nunca tive esse problema.
Também cheguei a pesquisar se mais gente teve esse problema, mas não encontrei muitos casos — o que pode indicar ser uma falha isolada do modelo que temos aqui no Canaltech.
Desempenho, uso geral e bateria
Com seu Snapdragon 778G Plus, o Nothing Phone (1) é um intermediário de respeito e, mesmo após três meses de uso, continua oferecendo um ótimo desempenho dentro da categoria. O smartphone é bastante rápido na hora de abrir apps ou até mesmo para alternar entre dois que já estão abertos.
Por falar nisso, ele tem opções de 8 GB ou 12 GB de memória RAM e 128 GB ou 256 GB de armazenamento. Dessa forma, é possível navegar em várias redes sociais ao mesmo tempo e alternar entre elas para ver o feed de cada uma sem sofrer com lentidão ou engasgos.
Não vou entrar em detalhes sobre pontuações em benchmark ou desempenho padrão — isso já foi mostrado no review do celular, que fizemos há alguns meses. De qualquer forma, o que posso dizer é que mesmo com o passar do tempo ele continua aguentando bastante as tarefas do dia-a-dia e até mesmo jogos.
A usabilidade é muito boa. Ele tem uma interface bem simples e intuitiva, com alguns aspectos bem parecidos com o Android padrão. Eu recebi o celular com o Android 12, e foi anunciado a atualização para o Android 13 durante o período que fiquei com ele, mas não tive a sorte de receber a nova versão. De qualquer forma, os patches de segurança foram atualizados regularmente.
Quanto ao uso e desempenho, só tenho uma consideração a fazer: ele deu algumas travadas em cenários específicos: quando eu enviava uma imagem para alguém no Telegram ou WhatsApp e tirava a foto direto pelo app, a tela congelava e demorava bastante para voltar. Isso foi corrigido depois de um tempo no WhatsApp, mas continuou acontecendo ocasionalmente no Telegram.
Quanto à bateria, o Nothing deixa um pouco a desejar. Com 4.500 mAh, muitas vezes foi preciso uma carga adicional antes do fim do dia para continuar usando o aparelho, mesmo quando eu deixava o brilho mais moderado e diminuía o tempo de bloqueio da tela.Eu cheguei a desativar os Glyphs, que são as luzes na traseira do aparelho, mas não houve impacto na autonomia de bateria.
Outra coisa que me incomodou um pouco foi a posição das teclas. Como o botão de energia fica de um lado e o de volume do outro, frequentemente eu tirava um print da tela quando tentava controlar o volume ou bloquear a tela. Isso também acontece com iPhones com design similar.
Câmeras
O conjunto de câmeras do Nothing Phone (1) é modesto, mas bastante eficaz. São apenas duas câmeras traseiras de 50 MP cada e uma frontal de 16 MP, mas o celular se sai muito bem, tanto para imagens mais ocasionais, quanto para obter fotografias mais elaboradas. Pode-se dizer que ele se destaca positivamente entre os modelos intermediários.
O review completo do celular já descreve bem as qualidades da câmera e, com o tempo de uso, não há mais nada a se acrescentar. Em resumo, suas fotos são bastante nítidas e com cores bem vívidas. Não obstante, como não há nenhum erro a corrigir, não notei nenhuma melhoria ou mudança com as atualizações recebidas.
Abaixo, deixo duas galerias de imagens — a primeira com algumas fotos feitas para o review e a segunda com algumas que eu capturei ao longo desses três meses.
Nothing Phone (1) após o hype | o celular faz sentido?
Mesmo após três meses de uso, eu mantenho a minha opinião inicial sobre esse celular: ele é um intermediário de respeito. Seu hardware é bem eficiente, e mesmo a combinação de memória e armazenamento mais simples (8 GB + 128 GB) já é o suficiente para os dias atuais.
A tela tem uma boa qualidade de exibição, apesar de o brilho não ser suficienteem dias ensolarados. De qualquer forma, não é algo que atrapalhe a usabilidade de todo mundo. Eu tive o azar, no entanto, de pegar uma unidade que apresentou defeito no display, mas em pesquisas na internet não achei muita gente reclamando — o que indica que pode ter sido uma má sorte minha, mesmo.
A bateria é outro ponto que atrapalha um pouco, principalmente se você passar o dia fora de casa. Ele fica um pouco abaixo da média, mas não chega a ser tão ruim, de qualquer forma. Se você tiver um uso entre o básico e moderado você poderá ter um bom aproveitamento do aparelho.
A faixa de preço também está mais atraente no momento. A versão mais básica é encontrada entre R$ 2.200 e a mais completa — com 12 GB de RAM + 256 GB de armazenamento — custa por volta de R$ 2.800.
No entanto, porém, nessa faixa de preço é possível encontrar aparelhos mais populares por aqui, como o Galaxy S20 FE 5G, que é encontrado entre R$ 2.000 e R$ 2.500 no mercado nacional.