Shopee avança no Brasil com "gamificação" e cupons que atraem consumidores
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge |
Com apenas dois anos de Brasil, a Shopee é o app de marketplace com mais downloads e tempo de uso atualmente no país, segundo a plataforma App Annie. Especialistas estimam que as vendas da Shopee já somam um terço daquelas feitas pelo Magazine Luiza.
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Uma das estratégias usadas pela empresa para conquistar os clientes é a gamificação: dentro do app, minijogos dão cupons, que efetivamente viram desconto nas compras. As brincadeiras são desenvolvidas pela Garena, a empresa de games do grupo. Essa companhia é criadora do Free Fire, o título mais popular no Brasil nas lojas de apps por dois anos.
Segundo Jianggan Li, analista da Momentum Works, a Shopee chegou tarde ao mercado, mas usou isso como vantagem. “Ela observou como os concorrentes resolveram problemas e procurou evitá-los." Em Singapura, onde foi criada, a plataforma se transformou no site de e-commerce mais visitado em cinco anos e ultrapassou o Lazada, do Alibaba, e a Tokopedia, do SoftBank.
O lançamento da Shopee no Brasil ocorreu quase ao mesmo tempo que a chegada da pandemia de COVID-19. Com os clientes longe das lojas físicas, o comércio eletrônico cresceu 44% em 2020 e atingiu US$ 42 bilhões. Apesar disso, a plataforma ainda perde dinheiro e depende dos resultados da Garena, que, no segundo trimestre de 2021, teve receita bruta ajustada de US$ 740,9 milhões, mesmo com as perdas de US$ 579,8 milhões da Shopee.
O Brasil é apenas parte da ambição global da Sea, que controla a Shopee. O segmento de investimentos da companhia, a Sea Capital, já considera investir em startups na América Latina, segundo fontes. A Shopee já está no Chile, na Colômbia e no México — nessas localidades, não tem equipe local e contratou influenciadores para ampliar o conhecimento sobre a marca.
Embora a companhia não tenha divulgado dados sobre a operação brasileira, analistas do Itaú BBA estimam que o valor de produtos e serviços vendidos na plataforma em 2020 chegou a R$ 12 bilhões. O preço médio dos itens é R$ 40, de acordo com especialistas. Para Yanjun Wang, diretor corporativo do grupo, o país "é um bom mercado para investimento continuado”.
Vendedores locais
O maior desafio da Shopee no país é a logística de entrega, já que o Brasil tem dimensões continentais. Em 2021, o serviço passou a apostar em empresas de entrega privadas em vez de depender dos Correios, mas muitos concorrentes têm serviços próprios de entrega.
Em termos de oferta de produtos, o maior concorrente da Shopee é o AliExpress. Neste mês, depois de 11 anos no país, o serviço abriu espaço para vendedores locais. A Shopee fez isso já no segundo ano de presença no território nacional.
Para analistas da Goldman Sachs, uma forma de a plataforma melhorar a lucratividade é começar a vender itens mais caros, como faz no sudeste asiático. Li, da Momentum Works, acredita que, no futuro, a plataforma vai adicionar serviços financeiros ao app. “Eu não ficaria surpreso se eles atingissem o número um”, explica. “Basta ver a operação em Singapura, Indonésia, Malásia e Tailândia."
Fonte: Gadgets 360