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Investir em direitos de músicas é alternativa para lucrar; veja como funciona

Por| Editado por Claudio Yuge | 27 de Setembro de 2021 às 22h40

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Reprodução/Marius Masalar/Unsplash
Reprodução/Marius Masalar/Unsplash

Os últimos anos têm mostrado alternativas interessantes em investimentos. Em vez de comprar ouro, dólar ou ações, há quem ganhe (ou perca) dinheiro com as criptomoedas, moedas que não existem fisicamente, ou bancando projetos de influenciadores digitais. Recentemente outro mercado de ativos vem despontando: os royalties musicais.

A tendência despontou primeiro nos EUA. Foi lá que no ano passado o cantor Bob Dylan vendeu os direitos autorais de todas as suas canções — cerca de 600 — para a gravadora Universal. O preço da transação foi estimado em US$ 300 milhões. Para se ter uma ideia do quanto este mercado pode render no Brasil, há os números do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad).

Segundo o relatório anual do órgão, divulgado em maio, em 2020 foram distribuídos R$ 947,9 milhões para 263 mil compositores, músicos, intérpretes, editoras, gravadoras e associações. E isso porque a arrecadação do Ecad no ano passado ficou 20% abaixo do total de 2019.

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Há pelo menos duas empresas brasileiras que entraram nesse negócio. A fintech Hurst Capital, que vende cédulas de crédito bancário (CCB) baseadas nesse tipo de ativo e já tem um catálogo de mais de 20 mil músicas e fonogramas, incluindo nomes como Paulo Ricardo, o sertanejo Philipe Pancadinha e Toquinho. A empresa já captou cerca de R$ 10 milhões em 28 operações com royalties. Já a Adaggio, segundo o Valor Econômico, levantou R$ 60 milhões para adquirir parte dos direitos de músicas da banda Mamonas Assassinas.

Também há gente de olho em transformar o mercado de shows em uma oportunidade financeira para todos, ao transformar as apresentações em fundos de recebíveis de direitos creditórios (FIDC). É uma categoria de investimento que destina uma parcela acima de 50% do seu patrimônio líquido para aplicar em direitos creditórios; isto é, um bem ainda não disponível, mas que foi reconhecido e um dia você terá direito a ele.

A XP Investimentos, por meio de sua plataforma XP Asset, concluiu neste ano a rodada de captação de um FIDC sobre 1.400 shows de vários músicos brasileiros que ocorrerão no pós-pandemia, como Alexandre Pires, Seu Jorge, Daniel, Maurício Manieri, Bruno e Marrone, Raça Negra e Roupa Nova. O valor levantado pela rodada ficou em R$ 260 milhões. Já o cantor Gusttavo Lima antecipou os direitos de 192 shows de 2022 pela Contea Capital e levantou R$ 70 milhões.

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Como funciona?

Primeiro, vamos recapitular um pouco do mercado de música. O pagamento de royalties de músicas vem a cada vez que alguém compra o CD do artista ou toca a música no Spotify ou no rádio, para ficar em alguns exemplos. Se o fã compra o disco, o valor do produto vai para a loja, depois para a gravadora, e depois uma parte do dinheiro (geralmente uns 15%) vai para o ECAD distribiur para o artista, ou para quem for dono do catálogo de músicas dele. Se for uma execução no streaming, o Spotify/Deezer/Tidal etc. lucra com assinaturas e fará esse repasse de dinheiro no mesmo fluxo.

Uma empresa como a Hurst negocia valores recebíveis de royalties com editoras e gravadoras. Seu objetivo atual é ampliar o portfólio de músicas para tornar esse tipo de investimento mais atraente. Então quando alguém investe seu dinheiro nisso, na verdade está ajudando a financeira a comprar mais royalties de canções. De posse delas, ela passa a receber do ECAD o dinheiro pelos direitos, e depois repassará o lucro aos investidores.

Atualmente o aporte mínimo na Hurst para esta operação é de R$ 10 mil. O catálogo do cantor Toquinho, diz a empresa, traz rentabilidade de 12% ao ano, prazo de 361 dias e pagamento único de juros e principal ao final do processo. A fintech explica mais em seu site.

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No entanto, o investimento tem possíveis riscos. Se a quantidade de execuções for menor que a esperada para o período, quem colocou seu dinheiro nisso pode receber menos do que o dinheiro investido. Outros fatores que comprometeriam o processo são mudanças nas porcentagens de arrecadação do ECAD, o cenário econômico instável do país e a pirataria musical.

Além disso, essa nova modalidade de investimento ainda não é regulada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que fiscaliza o setor e penaliza quem cometer infrações. Portanto, o órgão não seria capaz de proteger os investidores se houver prejuízos ou fraudes.

Fonte: Hurst Capital, Ecad, The New York Times, Valor Econômico