Após sanções, russos correm em busca de dinheiro em espécie nos bancos
Por Roseli Andrion • Editado por Claudio Yuge | •

A retirada dos bancos russos do sistema Swift (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication ou Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais) tem levado os residentes do país a caixas eletrônicos e agências bancárias. Eles buscam dinheiro em espécie (em rublos ou dólares).
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As filas começaram a se formar ainda na quinta-feira passada (24), quando Vladimir Putin, presidente da Rússia, iniciou a invasão à Ucrânia: com a queda do valor do rublo, a população saiu em busca de moedas estrangeiras. A busca continuou no fim de semana, já que a retirada do país do Swift pode dificultar pagamentos com cartões Visa e Mastercard.
No sábado (26), clientes se sentaram nos bancos em frente a caixas eletrônicos vazios para esperar pela chegada de novos lotes de dinheiro. A moradora de Moscou Ekaterina diz que retirou dinheiro no início desse processo. “Agora, vou procurar um caixa eletrônico novamente porque quero ter o equivalente a um mês de dinheiro vivo em caso de falhas técnicas com os cartões. Já tive problemas para pagar um táxi com o Google Pay."
Ela não acredita que o dinheiro vá desaparecer completamente, mas se preocupa com o risco de não conseguir fazer compras básicas. "Simplesmente não sabemos o que esperar do governo. Não posso prever, então quero dinheiro vivo por perto."
Banco Central da Rússia
No domingo (27), o banco central russo tentou acalmar os mercados e os depositantes. “O sistema bancário russo é estável, tem reservas de capital e liquidez suficientes para funcionar sem interrupções em qualquer situação", diz comunicado oficial da entidade.
A instituição promete liquidez em rublos. “Todos os fundos de clientes estão seguros e disponíveis a qualquer momento.” Além disso, afirma que vai expandir a lista que inclui os títulos aceitos como garantia para ajudar os bancos a cobrir necessidades de refinanciamento.
Para pagamentos domésticos, a Rússia tem um sistema próprio. Ele foi desenvolvido para o caso de bancos do país serem cortados do Swift e deve continuar a funcionar em qualquer cenário.
Segundo um executivo de um banco ocidental em Moscou, as retiradas de dinheiro reduzem a liquidez das instituições bancárias e prejudicam a Rússia. Sanções ao banco central do país afetam sua capacidade de intervenção cambial, que ajuda a estabilizar o rublo para que não flutue livremente e entre em colapso.
Ele afirma, ainda, que o banco central russo vai auxiliar a moeda nacional, mas não sabe por quanto tempo isso será possível. Além disso, ele destaca que não residentes têm vendido ativos russos para se livrar de rublos, o que prejudica o país.
Fonte: Folha de S.Paulo