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Apesar de tendência contrária, Google defende uso de cookies para rastreio

Por| 27 de Agosto de 2019 às 18h18

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Apesar de tendência contrária, Google defende uso de cookies para rastreio
Apesar de tendência contrária, Google defende uso de cookies para rastreio
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A Google está com problemas: talvez pela primeira vez em sua história, a gigante de Mountain View esteja caminhando contra uma tendência do mercado de internet, ao invés de ser o principal motivador dela. Enquanto Microsoft, Apple e Mozilla trazem ou testam tecnologia anti-rastreamento de navegação do usuário, a Google defende a prática, alegando que simplesmente parar com ela prejudicaria seus negócios e os de outras empresas.

Trocando em miúdos: ao contrário das outras companhias citadas, a principal fonte de renda da Google reside nos anúncios. Por meio do Chrome e do rastreio de cookies de navegação, a empresa consegue oferecer publicidade mais segmentada aos gostos e preferências do usuário. Especialistas e outras empresas do ramo, porém, sinalizam preocupações com eventuais problemas de privacidade do usuário.

A companhia publicou em seu blog oficial um texto voltado à busca por uma alternativa que ofereça “alguma forma” de assegurar os dados de um usuário sem necessariamente abrir mão das receitas advindas do monitoramento da navegação: "Bloquear cookies sem outra forma de entregar anúncios relevantes vai reduzir a fonte primária de rendas de várias publishers, o que coloca em xeque o futuro de uma rede vibrante”, escreveu Justin Schuh, diretor de engenharia de segurança do Chrome na Google.

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A Apple traz em seu navegador, o Safari, uma tecnologia que evita a maior parte dos rastreios de cookies de navegação, ao passo que a Mozilla anunciou recentemente que o browser Firefox passou a barrar esse monitoramento por padrão em suas configurações. A própria Microsoft, com o seu Edge, vem testando funções com a mesma capacidade.

A proposta da Google, porém, difere das demais companhias: o que a empresa quer é impedir uma prática conhecida como “digital fingerprinting” (algo como “captura online de impressão digital”, na tradução livre). Basicamente, o argumento da desenvolvedora do Chrome é o de que, sem o monitoramento de cookies, agências de publicidade e outras empresas vão passar a coletar pequenos dados do usuário — extensões instaladas, versão do navegador usado, fontes aplicadas, tamanho de display e por aí vai — para criar uma espécie de “perfil digital” que servirá para o direcionamento de informações publicitárias.

Em outras palavras: a Google defende que, sem os cookies, abriríamos caminho para algo pior.

Desta forma, a empresa diz estar trabalhando em uma nova tecnologia — uma espécie de “orçamento de dados” —, onde o navegador estabelece um limite de informações a serem capturadas por sites na internet. Caso esse limite seja ultrapassado, o próprio browser poderia acionar um código de erro ou então entregar informações embaralhadas e potencialmente inverídicas.

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O problema com isso: muitos sites poderiam simplesmente “quebrar”, no contexto de navegação, haja vista que integrar essa nova função poderia exigir muito mais da página visitada do que seus gestores estariam dispostos a suportar. Além disso, supondo que APIs de alguns sites extraem tantos dados que poderiam criar um perfil digital sozinhos, o Chrome seria forçado, neste caso, a paralisar a navegação e emitir um alerta em busca da permissão do usuário, o que pode ferir a experiência de uso de um navegador e da página visitada.

“Estamos explorando formas de entregar anúncios para grandes grupos de pessoas similares sem permitir que dados de identificação singulares deixem o navegador — formas estas construídas por meio das técnicas de Differential Privacy que estamos usando no Chrome pelos últimos cinco anos para coletar informações anônimas de telemetria. Novas tecnologias como Federated Learning mostram que é possível que o seu browser evite revelar que você, por exemplo, seja membro de um grupo que goste da Beyoncé e que use blusas de moletom até que se certifique que esse grupo contenha milhares de pessoas”, diz a empresa.

A saber: Differential Privacy (“Privacidade Diferencial”, na tradução literal) é um conceito de algoritmos usado para publicar informação agregada de uma base de dados estatística, mas limitando a divulgação de informações privadas em registro dentro dessa mesma base.

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Federated Learning (“Aprendizado federado”, na tradução literal) consiste em uma abordagem de machine learning que permite a desenvolvedores treinarem redes de inteligência artificial e tornar produtos mais inteligentes, sem os dados do usuário deixarem o dispositivo, ou seja, sem serem compartilhados com ninguém.

Especialistas ouvidos pelo Ars Technica, porém, disputam as afirmações da Google, citando exemplos de canais que pararam de rastrear cookies de navegação e não sofreram, neste primeiro momento, perdas relacionadas à receita por propaganda. Desde que a Europa adotou as novas legislações de proteção aos dados do usuário, o jornal New York Times deixou de praticar o monitoramento, migrando para um modelo de publicidade gerada a partir de contextualização e posição geográfica.

"A preservação da privacidade e o direcionamento de anúncios são, ambos, áreas ativas de pesquisa por mais de uma década”, disseram os especialistas. “Estamos felizes de ver a Google levar, agora, isso mais a sério em seu direcionamento, mas alguns meros pensamentos postulados não representam muito progresso.

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Fonte: Ars Technica; Google