Tesla | Novas demissões podem atingir 20% dos funcionários
Por Jones Oliveira | •
Duas semanas após anunciar o layoff de 10% de sua força de trabalho, a Tesla iniciou uma nova onda de demissões que pode afetar até 20% de seu quadro de funcionários — incluindo executivos de alto escalão e funcionários veteranos.
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Os cortes vieram à tona na tarde desta segunda-feira (29), quando um novo e-mail de Elon Musk enviado a executivos foi obtido pelo The Information. Na mensagem, um dos homens mais ricos do mundo, com fortuna avaliada em US$ 205,6 bilhões, fala sobre a necessidade de "ser mais rígido em relação ao número de funcionários e à redução de custos".
Por isso, o CEO da Tesla decidiu demitir a veterana Rebecca Tinucci, responsável há seis anos pelo Departamento de Carregamento de Veículos Elétricos, e sua equipe formada por mais de 500 funcionários. Os poucos remanescentes serão realocados para outros setores da companhia.
Outra demissão confirmada no e-mail de Elon Musk é a do executivo Daniel Ho. Com 10 anos de Tesla, ele era Diretor de Programas de Veículos e Iniciativas de Novos Produtos e foi responsável por gerenciar o programa do Model S, 3 e Y. Antes da Tesla, Ho teve uma longa passagem pela Ford, onde atuou por 12 anos em posições relacionadas a produtos.
Por fim, Musk decidiu cortar grande parte do time de políticas públicas, cujo diretor Rohan Patel já havia sido demitido no último layoff.
Demissões na Tesla surpreendem e preocupam
A nova onda de dispensas na Tesla já vinha sendo especulada há alguns dias na indústria automotiva. Fontes apontaram ao portal Elektrek que a companhia seguiria com mais demissões e só não as fez de uma só vez por uma questão de timing e para preservar sua imagem pública.
Ainda assim, as demissões desta semana surpreenderam e preocuparam o mercado, evidenciando o modus operandi da companhia e quais caminhos ela está disposta a trilhar para obter ainda mais lucro.
Rebecca Tinucci, por exemplo, foi a principal responsável por criar um negócio em torno dos Superchargers da Tesla e ampliar para outras fabricantes a adoção dos conectores NACS. Apesar de a Tesla afirmar que seguirá construindo as estações de carregamento super-rápido já previstas, a saída da executiva e de todo o seu time indica que a companhia deverá reduzir drasticamente o ritmo dessa empreitada justamente quando há uma demanda cada vez maior por ela.
Com isso, a Tesla deve inflar ainda mais a demanda por estações de carregamento e cobrar mais caro por elas, numa estratégia duvidosa focada no aumento de receita e lucro.
O corte de toda a equipe de políticas públicas também é preocupante. Com a ascensão proeminente da popularidade dos veículos eletrificados, questões relacionadas a padrões de emissão, mudanças climáticas e acessibilidade a estações de carregamento têm sido cada vez mais debatidas.
Sem uma equipe dedicada, a Tesla se exime de qualquer responsabilidade e, sendo uma das maiores fabricantes de carros eletrificados do mundo, pode atravancar quaisquer resoluções e avanços nessas questões.
Ainda mais demissões devem acontecer
A nova onda de demissões ocorre após a Tesla anunciar resultados financeiros decepcionantes. No último trimestre, a companhia não conseguiu honrar com boa parte das entregas prometidas e a receita ficou abaixo do estimado.
Justamente por isso, a expectativa é que as demissões na montadora não parem por aqui. Tanto é que fontes do portal Elektrek afirmam que mais uma rodada de cortes está planejada para acontecer em breve, afetando mais 5% dos trabalhadores da companhia.
Se o rumor se confirmar, o novo layoff deve atingir executivos e funcionários com ainda mais tempo de casa, dos tempos do Tesla Roadster. E caso o timing de Musk se mantenha, devemos ter novidades a respeito disso nas próximas duas semanas.
Fonte: The Information