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Saiba como a crise energética da China pode afetar a economia mundial

Por| Editado por Claudio Yuge | 06 de Outubro de 2021 às 20h20

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Kelly Lacy/Pexels
Kelly Lacy/Pexels

A China está enfrentando uma forte crise no setor de energia que ameaça a economia global e o crescimento do país. Os problemas começaram no final de agosto, quando as quedas e interrupções no fornecimento de eletricidade começaram a afetar pelo menos 20 províncias do país, marcando a pior escassez de recursos elétricos do país em uma década.

O acontecimento tem causado uma inflação nos preços do gás natural e da eletricidade na Europa, além de afetar a cadeia de suprimentos globais. Empresas como a Toyota, a Apple e a Tesla já vêm diminuindo a sua produção devido às dificuldades no setor energético.

A principal causa por trás da crise são os baixos estoques de carvão na China, que é a maior produtora e consumidora mundial do material, que teve uma alta de 96% no preço esse ano, no país asiático. A falta de uma das principais fontes de energia da nação provocou uma alta nos preços dos insumos, impactando a produção de alumínio, aço, cimento e fertilizantes.

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A crise pode representar um obstáculo para Pequim, que tem levado a sério suas metas de neutralidade de carbono. Ao mesmo tempo, o governo também está se preparando para apresentar sua política ambiental interna e externa na cúpula climática COP26 em Glasgow, prevista para o final de outubro deste ano.

Redução do estoque de carvão na China

A China reduziu a proporção de eletricidade gerada pela queima de carvão de mais de 80% em 2017 para 56% e investiu em energias alternativas para atingir a meta de neutralidade de carbono, mas mesmo com um aumento considerável nos investimentos em matrizes de energia eólica e solar, não foi o suficiente para preencher a lacuna energética. A atual escassez tem sido intensificada pelas fábricas famintas por recursos energéticos, que tentam atender à forte demanda global por produtos chineses.

Diante da alta dos preços do carvão, os fornecedores de eletricidade da China têm esgotado as reservas do recurso, na esperança de que os preços caiam ou que Pequim retire as novas restrições ambientais que tornaram a queima do carvão mais cara.

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Entretanto, os preços se mantiveram altos e o governo central apenas flexibilizou ligeiramente as regulamentações. De acordo com uma análise da Sinolink Securities citada pelo South China Morning Post, os estoques de carvão usados mantidos pelas seis principais entidades de geração de energia elétrica da China para gerar eletricidade atingiram um recorde de apenas 11,31 milhões de toneladas em 21 de setembro — suficientes para apenas 15 dias.

Diante do cenário, a segunda maior economia do mundo provavelmente deverá importar mais energia, mas a tarefa não será facil devido a um embargo chinês imposto no ano passado às importações de carvão da Austrália, o maior exportador de carvão do mundo. Pequim impôs o embargo em retaliação depois que Camberra pediu uma investigação internacional sobre as origens do coronavírus.

Crise energética da China deve afetar o mundo e o Brasil

Na quarta-feira passada (29), os preços futuros do carvão térmico na China atingiram um pico histórico de US$ 212,92 (R$ 1.168 na cotação atual) por tonelada, considerando a oposição do governo em relação ao aumento dos preços domésticos da energia. Com Pequim temendo que a inflação atinja os padrões de vida no país, as companhias fornecedoras se viram incapazes de repassar os custos.

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Com Pequim ordenando às empresas de energia estatais que garantam o abastecimento, os mercados globais de energia provavelmente verão uma guerra de licitações para o fornecimento de carvão e gás natural, aumentando os preços em todo o mundo. A Capital Economics, uma consultoria de pesquisa econômica em Londres, disse aos clientes na semana passada: "A escassez de energia elétrica parece improvável de diminuir em breve".

O aumento dramático do preço do GNL este ano fez subir os preços do gás no Reino Unido e na Europa à medida que o continente tenta atrair suprimentos, mas até agora os compradores na Ásia têm estado preparados para continuar pagando valores extremamente altos para fechar as cargas.

Enquanto isso, no Brasil, o cenário da China deverá afetar os setores do agronegócio, que terá dificuldades para comprar fertilizantes, da mineração, que deverá enfrentar cotações internacionais em queda e o setor de energia, que será impactado por preços recordes de gás natural. Mas, para o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, a situação é uma oportunidade para que o Brasil eleve o valor agregado de suas exportações.

Fonte: Time,FT,Folha