Positivo compra Algar Tech para se tornar "one-stop shop de tecnologia"
Por Murilo Tunholi • Editado por Léo Müller |
A Positivo Tecnologia concluiu, nesta segunda-feira (3), a compra da Algar Tech MSP por R$ 235 milhões. Esta aquisição — sinalizada em março deste ano — visa incorporar serviços de gestão de TI ao catálogo da fabricante de hardware. Dessa forma, a empresa busca se tornar um "one-stop shop de tecnologia", oferecendo desde soluções de produtos até serviços de gestão de data centers, por exemplo.
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Porém, quais são os efeitos da aquisição para ambas as empresas e seus clientes? O Canaltech conversou com Leandro dos Santos, vice-presidente de estratégia e inovação da Positivo, para entender os planos para os próximos meses.
Conhecida no Brasil por fabricar dispositivos eletrônicos, como notebooks, celulares, tablets e periféricos para casa inteligente, a Positivo Tecnologia quer ampliar a operação no país ao oferecer serviços de gestão de TI para organizações.
Para isso, a empresa adquiriu 100% da área de Serviços Gerenciados de TI (Managed Service Provider) da Algar Tech, a qual faz parte do Grupo Algar, conglomerado que atua nos setores de tecnologia, telecomunicações, entretenimento e agropecuária.
Positivo quer se tornar "one-stop shop de tecnologia"
O foco da Positivo com sua nova posição de "one-stop shop" é atender grandes empresas que buscam soluções de TI ao mesmo tempo em que oferece os produtos de hardware e software já consolidados no mercado.
Ao atuar em diversos segmentos, a empresa espera se tornar uma grande one-stop shop de tecnologia — ou seja, oferecer aos clientes tudo o que precisam em um único lugar, economizando tempo e recursos.
"Uma empresa que precisa melhorar seus sistemas de tecnologia da informação pode ter só a Positivo como parceira ou ter a Positivo e mais poucos parceiros para gerenciar essa complexidade. Hoje, por exemplo, uma empresa média a grande precisa ter 50 fornecedores de tecnologia para poder montar seu data center, comprar dispositivos, fazer manutenção e manter o parque de soluções." - Leandro dos Santos, vice-presidente de estratégia e inovação da Positivo.
Por meio da nova área Positivo Tech Service, o vice-presidente espera oferecer produtos e serviços de gestão de TI a empresas com grandes estruturas capilarizadas. Isso inclui redes de fast food, cooperativas médicas e agências bancárias, por exemplo.
Para o futuro próximo, a Positivo já espera se beneficiar com a parceria. Leandro explicou que, no primeiro momento, haverá um período de estabilização da operação interna, que deve durar entre 12 a 18 meses. A ideia é incorporar a Algar Tech MSP, sem fazer grandes mudanças no quadro de funcionários e no funcionamento da empresa.
O que é a Algar Tech MSP e como ela atua
Hoje, a Algar Tech presta dois tipos de serviços distintos. Na vertical MSP, os serviços gerenciados consistem na gestão da infraestrutura de nuvem dos clientes. A empresa atua desde a implementação de ferramentas de TI, até o suporte e a gestão de gastos.
Ao contratar a consultoria de TI, os clientes recebem ajudar para definir a arquitetura de toda a infraestrutura de tecnologia. Além disso, a Algar Tech auxilia na adoção de ferramentas de inteligência artificial, como o Microsoft Copilot, por organizações no Brasil e na América Latina.
Existe também a operação de call centers, mas esse braço ficou de fora da aquisição da Positivo. A separação ocorreu a pedido da fabricante de hardware, que tinha interesse apenas na parte de TI.
Os efeitos da compra na Positivo
Quando duas empresas se fundem, podem surgir dúvidas em relação aos efeitos da aquisição. Afinal, o que vai mudar na Positivo para os consumidores finais? Segundo o vice-presidente de estratégia e inovação, não muito. Para o mercado de pessoas físicas, o objetivo é, na verdade, fortalecer a imagem da empresa no mercado nacional.
“Para o nosso consumidor pessoa física, o que ele vai sentir em termos do produto é nada. Mas ele vai ter uma empresa muito mais resiliente. Se o mercado consumidor não estiver indo bem, a gente ainda tem (a receita) do governo, que já é uma fortaleza, e agora temos um mercado corporativo muito pujante, com faturamento muito expressivo" - Leandro dos Santos, vice-presidente de estratégia e inovação da Positivo.
Segundo Leandro, até então, a Positivo dependia somente das receitas que vinham do mercado consumidor e do governo. É importante destacar que a empresa é responsável por fabricar as urnas eletrônicas utilizadas nas eleições em todo o país.
Com a aquisição da Algar Tech MSP, a Positivo consegue diversificar a receita. Serão cerca de 33% a 35% de venda para o mercado corporativo, de 35% a 40% para o governo e mais ou menos 30% para o consumidor, de acordo com o vice-presidente.
Leandro dos Santos também destacou que a aquisição traz uma receita recorrente para a Positivo. A partir da venda de serviços, a empresa passa a ter ganhos mensais e recorrentes. Na venda de produtos, o dinheiro entra em momentos específicos do ano e até mesmo em intervalos maiores.
Com fontes diferentes de receita, a Positivo espera se tornar uma empresa mais previsível. Além disso, com mais renda, a companhia quer investir em mais inovações de tecnologia para outros mercados, como soluções de máquinas para pagamentos, as áreas de Positivo Segurança e Casa Inteligente, a área educacional e a área de projetos específicos para o governo.