Para fundador da Dell, escassez de chips ainda deve durar anos
Por Felipe Demartini • Editado por Jones Oliveira |
O fundador da Dell, Michael Dell, foi um pouco menos otimista em relação à escassez de chips na comparação com outros de seus companheiros da indústria de tecnologia. Enquanto a maioria das empresas acredita que o problema deva ser resolvido já em 2022, o CEO apontou que a situação deve se manter por mais alguns anos e que a pandemia do novo coronavírus foi apenas um dos problemas que levaram à falta de semicondutores para a fabricação de dispositivos.
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Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, Dell apontou dois fatores distintos para a escassez que permanece existindo mesmo com o afrouxamento das medidas de restrição em muitos países asiáticos. Ao mesmo tempo em que as linhas de montagem de chips tiveram de ser interrompidas ou tiveram ritmo diminuído, aumentou a demanda dos usuários por computadores, tablets e outros aparelhos, tornando a competição nesse setor ainda mais acirrada.
Isso vale, afirma o executivo, tanto para processadores de alta performance quanto componentes que têm valor de venda menor do que um dólar, usados em praticamente qualquer dispositivo. Dell aponta que sua empresa teve de pagar valores maiores do que o usual por alguns destes componentes, em uma situação que, se mantida, também pode levar a um aumento nos preços de produtos nas prateleiras.
O fundador, entretanto, não aponta a pandemia como único problema. Em suas declarações, ele também olha para a guerra comercial entre Estados Unidos e China como um fator, principalmente no que toca as sanções feitas à tecnologia do país asiático. Para Dell, desde computadores e tablets até as indústrias de automóveis estão sofrendo com a situação, que também permanece em um limbo de resolução pelas duas partes.
Houve, ainda, uma grande estiagem que atingiu Taiwan e levou a uma redução no ritmo de fabricação das unidades por conta da falta de água. O governo optou por desviar o fornecimento de indústrias para atender a população, principalmente em grandes centros, o que também levou a uma menor disponibilidade de chips no mercado e maiores dificuldades para atender a demanda.
Para Dell, mesmo que fábricas de semicondutores comecem a ser construídas ao redor do mundo, a escassez deve continuar por mais alguns anos, dificultando a entrega de produtos e levando, também, a uma falta de dispositivos nas prateleiras das lojas. No final do dia, a situação é global e, para o executivo, parece bem longe de acabar, ainda que ele não tenha falado exatamente em quantos anos espera ver uma normalização.
Entre os esforços que fazem parte dessa globalização de chips, ainda que Dell não tenha falado diretamente sobre eles, estão esforços da Intel, que está expandindo suas unidades de fabricação nos EUA e investindo US$ 20 bilhões na construção de duas novas fábricas. A ideia é equilibrar a balança e reduzir a dependência do mercado asiático, onde nomes como TSMC e Samsung são os maiores e o domínio é de 75% do mercado global de semicondutores.
Fonte: Reuters