O que faz a indústria gamer seguir crescendo em tempos de pandemia
Por Colaborador externo |
Por Roger Melo*
À medida que a quarentena se alonga, manter as pessoas em casa tem significado cada vez mais um motivo de preocupação para os negócios da maior parte das indústrias. Mas não para todas. Com estimativas de crescimento acima dos 10% para a América Latina, o mercado de jogos eletrônicos é um exemplo de quem saiu de 2020 bem longe de qualquer tipo de crise. Aliás, muito ao contrário.
- TVs com tecnologias cada vez mais avançadas conquistam o universo gamer
- Nos menores espaços estão as melhores tecnologias
Movimentando bilhões de dólares anualmente, o segmento gamer tem crescido de forma sólida há anos, expandindo seu ecossistema de forma consistente — vale lembrar que essa indústria, além dos jogos, envolve uma cadeia enorme de profissionais, indo dos desenvolvedores de jogos aos fabricantes de equipamentos e acessórios, e passando por jogadores profissionais e amadores, entusiastas, influenciadores, narradores, streamers e muito mais. Ainda assim, a verdade é que 2020 trouxe um impulso impossível de ser desconsiderado nesse cenário: o isolamento social.
Segundo relatório da consultoria chinesa Tencent, cerca de 2,7 bilhões de novos jogadores foram atraídos a este mercado no último ano, com a maioria entrando no segmento após o início das medidas restritivas. Eles foram conquistados, basicamente, por uma indústria que não para de se reinventar e que – como poucas – já sabia lidar bem com alguns elementos digitais que foi apresentado para muitos apenas agora, como as reuniões on-line, shows virtuais, por exemplo.
Não por acaso, portanto, estamos falando de um setor em evidente expansão, que mesmo diante da pandemia pode se manter firme em seu ritmo de crescimento robusto em todo o globo. A mesma análise vale, no caso, para o Brasil, onde estimativas indicam faturamento superior a US$ 1,5 bilhão, além do incremento de quase 10 milhões de novos jogadores à área e o brutal crescimento no número de horas de conexão à Internet.
Evidentemente, a necessidade de ficar em casa se transformou em um facilitador para a alavancagem do mercado gamer, mesmo diante das oscilações impostas pela pandemia. Ainda assim, o fato é que apenas um segmento com valor agregado poderia alcançar tal feito. Em tempos de redução nos custos, os gamers apareceram como uma opção de qualidade, entre outras coisas, para entregar entretenimento e dinâmica à vida das pessoas.
Isso não quer dizer, contudo, que a indústria não teve de se adaptar ou mudar rotas por conta da crise instalada pela COVID-19. A chegada deste ‘novo público’ trouxe à tona, também, novos hábitos, expectativas e demandas a serem atendidas por todos os agentes do ecossistema gamer do Brasil. Nesse sentido, a própria indústria tem participado de um processo de expansão de suas fronteiras. Como exemplo, podemos destacar as ações de divulgação de conteúdos que incentivam novatos a seguirem carreira na área, apresentando diferentes oportunidades, caminhos e como se tornar um profissional destas diferentes posições.
Outra dessas mudanças, sem dúvida, é o fortalecimento de consumidores “multitarefas”. Hoje, é muito mais fácil encontrar pessoas que dividem seus equipamentos, por exemplo, entre o dia a dia de suas profissões e a paixão pelos jogos. Em um ambiente cada vez mais híbrido, em que casa e trabalho estão mais ligados do que nunca, essa é uma característica que não podemos descartar.
O que não muda, independentemente desse jogador ser mais casual ou profissional, é a exigência contínua por alta performance. Seja para o trabalho ou para o game, ter desempenho acima da média é um requisito-chave para quem deseja avançar nesse segmento.
Isso vale para qualquer plataforma ou device, embora seja ainda mais perceptível no segmento de PCs. Os notebooks são cada vez mais procurados para suprir as demandas dos jogadores atuais, justamente por agregar mobilidade à capacidade do jogo.
O perfil do gamer é a cada dia mais variado, e – por isso mesmo - a expansão do cenário gamer não se reduz apenas aos jogos em si. Por exemplo: também tem crescido a divulgação de competições e as transmissões (na TV). De acordo com um levantamento nos Estados Unidos, a audiência de partidas virtuais via streaming aumentou mais de 30%, após o início da quarentena. Além disso, o número de views das apresentações relacionadas ao cenário gamer no YouTube também dispararam nos últimos meses, atingindo casas inimagináveis.
Esse é, portanto, um consumidor multitarefa e multitela, que busca entretenimento e desempenho de forma concomitante. Essa é, afinal, a grande notícia aqui: os jogadores brasileiros continuam a querer o melhor e os jogos são, sim, uma nova ferramenta para gerar lazer e diversão das pessoas. Esse é o papel dos jogos hoje, seja no PC, no console, na TV, ou no celular – estar junto dos jogadores e expandir fronteiras.
A ideia é parar em frente à tela e jogar, dando vida a personagens e situações muito mais dinâmicas do que podemos esperar da vida real – sobretudo agora, em tempos de pandemia. Mérito da indústria de jogos e das tecnologias presentes nos computadores que nos permitem, hoje, simular mundos inteiros a partir de poucos botões.
*Roger Melo é Gerente da Divisão Consumer da NAVE