Zona crepuscular no oceano corre risco com aquecimento global
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, apontou que a vida na zona crepuscular do oceano — entre 200 e 1.000 metros de profundidade — está ameaçada por conta das mudanças climáticas.
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Conhecida também como zona disfótica, a segunda faixa de profundidade mais próxima da superfície no oceano recebe pouquíssima luz solar. Ainda assim, esta região abriga uma grande diversidade de organismos marinhos, como peixes de grande porte, baleias e moluscos. Isso, contudo, nem sempre foi verdade — em dois períodos de aquecimento do planeta, a vida lá era muito mais escassa.
Analisando registros fósseis de 50 e 15 milhões de anos atrás, os cientistas concluíram que as altas temperaturas observadas nestas épocas favoreciam a atividade bacteriana na zona fótica, acima da crepuscular. Isso fez com que menos recursos chegassem às águas mais profundas e, consequentemente, prejudicando o desenvolvimento dos seres vivos neste local.
A suspeita é que as mudanças climáticas do presente estejam levando a zona crepuscular para esse destino novamente — os cientistas estimam que, até o final do século, até 40% das formas de vida que habitam nela podem desaparecer. Além deste ambiente ser importante para o equilíbrio ecológico do restante do oceano, ele funciona como um depósito para o carbono que as águas removem da atmosfera.
Katherine Crichton, pesquisadora que liderou o estudo, afirma que "ao menos que as emissões de gases de efeito estufa diminuam rapidamente, [o aquecimento] pode levar ao desaparecimento ou extinção de muito da vida na zona crepuscular nos próximos 150 anos.” Segunda a bióloga, estes efeitos teriam reflexos no planeta por vários milênios.
Fonte: Nature Communications Via: BBC