Tinta mais branca do mundo pode ajudar a resfriar o planeta
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •
Usar branco é um hábito recomendável em dias quentes, já que a cor naturalmente reflete a maior quantidade de energia que recebe. Em outras palavras, absorve menos calor e o indivíduo transpira menos, dependendo do material. Dito isso, uma equipe de cientistas da Purdue University, nos Estados Unidos, desenvolveu a tinta mais branca do mundo para conter os efeitos das mudanças climáticas e dos dias mais quentes.
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A tinta mais branca do mundo poderia ser uma expressão criada diretamente pelo marketing, mas, neste caso, há bastante embasamento. A solução inovadora para resfriar prédios e, quem sabe um dia, o planeta, foi reconhecida pelo Guinness World Records, em 2021.
Segundo Xiulin Ruan, professor de engenharia mecânica e inventor da tinta, ela é fria ao toque, mesmo em dias quentes. Quando aplicada, é capaz de reduzir a temperatura da superfície de um telhado e, consequentemente, resfriar todo o prédio, reduzindo a demanda por ar-condicionado e economizando energia elétrica.
Impacto da tinta branca no resfriamento
Nos testes, a equipe de cientistas norte-americanos descobriu que a tinta branca desenvolvida pode atuar como um verdadeiro refletor, já que reflete 98,1% dos raios solares que chegam até a superfície da Terra. No mercado, as tintas brancas convencionais refletem entre 80% a 90% da luz solar.
Com tamanha capacidade refletora, Ruan aposta que se a tinta inovadora fosse usada em 1% a 2% da superfície do planeta, o que equivale a pouco mais da metade do deserto do Saara, as temperaturas globais parariam de subir, como está acontecendo hoje. É uma forma de mitigar os efeitos totais do aquecimento global.
Onde a tinta mais branca pode ser aplicada?
Inicialmente, o projeto previa o uso da tinta mais branca do mundo dentro da construção civil, com a pintura de telhados e prédios. No entanto, ao longo dos anos de pesquisa, os cientistas descobriram que a utilização pode ser expandida para a indústria têxtil e automobilística.
Inclusive, a equipe anunciou, no final do ano passado, que a tinta mais branca do mundo estava 80% mais leve e já poderia ser usada em carros para o resfriamento dos veículos. Mesmo que, nestes casos, o impacto da tintura seja apenas individual, ainda é uma estratégia válida e que está pronta para uso comercial.
Em paralelo, uma nova linha de tintas coloridas é produzida, usando o branco como base. “Eles funcionarão menos do que o branco [original], mas melhor do que algumas das outras cores comerciais”, comenta Ruan para o jornal The New York Times.
A tinta mais branca do mundo pode salvar o mundo?
Conforme a crise climática se intensifica, novas medidas para promover o resfriamento são urgentes. Por exemplo, dados preliminares apontaram para os três dias mais quentes da história recente do planeta em julho deste ano. Em alguns locais, as temperaturas chegam naquilo que é considerado como “muito quente” para o corpo humano, provocando alterações nas funções cardíacas.
Apesar disso, “esta [tinta] definitivamente não é uma solução de longo prazo para o problema climático”, afirma Jeremy Munday, professor de engenharia elétrica e da computação na Universidade da Califórnia. “Isso é algo que você pode fazer a curto prazo para mitigar problemas piores enquanto tenta colocar tudo sob controle”, acrescenta. Para o especialista, é ainda necessário controlar o uso de combustíveis fósseis.
Fonte: NYT e Purdue University