Tartarugas de mochila acabam com mistério de como filhotes saem da areia
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Já parou para se perguntar como filhotes de tartarugas saem da areia? Uma equipe da UNSW Sydney (Austrália) resolveu justamente solucionar esse mistério: nadam até a superfície da areia, em vez de cavar. Para chegar a essa descoberta, os cientistas usaram um acelerômetro.
- Clique e siga o Canaltech no WhatsApp
- Descoberta tartaruga gigante da Amazônia com quase 2 metros de casco
- Qual é a diferença entre tartaruga, cágado e jabuti?
Os ovos de tartaruga marinha são enterrados em ninhos de 30 a 80 cm de profundidade. Uma vez chocados, os recém-nascidos chegam à superfície da areia entre três e sete dias. Até então, não se sabia ao certo como eram os primeiros dias de vida de um filhote.
Segundo as novas descobertas, os filhotes enterrados mantêm a cabeça erguida e se movem verticalmente pela areia, balançando para frente e para trás.
“Quando um filhote acaba de sair do ovo, está completamente no escuro em seus arredores. Não há nenhum sinal para apontar qual caminho é para cima em direção à superfície. Ainda assim, eles se orientam e se movem para cima independentemente”, diz um dos autores do estudo, Davey Dor, em comunicado da UNSW Sydney.
“Nossas descobertas iniciais e abrem a porta para muitas novas questões na ecologia das tartarugas marinhas", acrescenta o pesquisador. O trabalho está disponível na revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences.
O estudo menciona que há 64 anos o período de tartarugas saindo dos ovos e subindo à superfície foi observado pela primeira vez. Desde então, cientistas do mundo inteiro buscam diferentes técnicas para observar essa fase, mas não havia tecnologia para realmente entender o que acontece.
Acelerômetro ajuda a desvendar mistério das tartarugas
“O princípio simples do tipo de acelerômetro que usamos é que ele mede a aceleração de três ângulos diferentes. Então ele pode medir uma mudança na velocidade em um movimento para frente e para trás, um movimento para cima e para baixo e um movimento de um lado para o outro", explica o cientista.
Após localizar os ninhos, os pesquisadores esperaram por aproximadamente 60 dias para que os ovos se desenvolvessem. Três dias antes de chocarem, colocaram um dispositivo chamado detector de eclosão próximo a dez ninhos diferentes, sob a intenção de medir a voltagem no local do ninho e saber o exato momento em que os filhotes eclodiram de seus ovos.
Em seguida, cavaram o ninho, selecionaram o filhote mais próximo da superfície e prenderam um acelerômetro antes de colocá-lo de volta.
A ciência é responsável por trazer à tona a solução de diversos mistérios do reino animal, como os sons de tartarugas e outros bichos aparentemente silenciosos.
Fonte: UNSW Sydney