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Descoberta tartaruga gigante da Amazônia com quase 2 metros de casco

Por| Editado por Luciana Zaramela | 14 de Março de 2024 às 14h54

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Júlia d‘Oliveira/Universidade de Tübingen
Júlia d‘Oliveira/Universidade de Tübingen

Na Amazônia brasileira, viveu uma das maiores tartarugas de água doce do mundo, a Peltocephalusmaturin, há cerca de 40 mil a 9 mil anos. Com o casco medindo 1,8 m, a criatura era maior que capivaras e outras inúmeras espécies que habitavam a floresta tropical, durante o final do Pleistoceno, a “Era do Gelo”. 

As primeiras pistas do quelônio de proporções gigantescas da Amazônia foram descobertas, de forma acidental, em uma área de garimpo próxima a Porto Velho, em Rondônia. Ali, foi encontrado um fóssil de tartaruga: um pedaço da mandíbula do bicho.  

Tartaruga gigante da Amazônia

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Após análises do fragmento em laboratório, uma equipe internacional de pesquisadores concluiu que a parte da mandíbula encontrada pertencia a uma tartaruga gigante — muito possivelmente, era um cágado, já que deveria ser semiaquático.

Em artigo publicado na revista Biology Letters, os cientistas classificaram o quelônio como um membro do gênero Peltocephalus. Hoje, nos rios da Amazônia, há um parente seu distante, a tartaruga-de-cabeça-grande-do-amazonas (Peltocephalus dumerilianus). Isso foi possível concluir após a análise dos detalhes anatômicos da estrutura óssea. 

Por meio dessas comparações com as espécies modernas, também foi estimado que se tratava de um animal com dieta onívora — a tartaruga gigante da Amazônia se alimentava de plantas, algas e outros animais.

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Período em que habitou a Amazônia

Para Gabriel S. Ferreira, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Tubinga, na Alemanha, um dos pontos “surpreendentes” na descoberta é o período em que a tartaruga viveu, há aproximadamente 40 mil anos.

“As tartarugas de água doce — ao contrário dos seus parentes terrestres e marinhos — raramente apresentam formas tão gigantescas. Os fósseis gigantes mais jovens conhecidos até à data provêm de depósitos do Miocênico [há cerca de 23 a 5 milhões de anos]”, explica o cientista, em nota.

Possível relação com os primeiros humanos

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Seguindo esta linha histórica, é possível que a gigante tartaruga tenha convivido com os primeiros habitantes humanos da Amazônia. “As pessoas se estabeleceram na região amazônica há cerca de 12,6 mil anos”, explica Ferreira.

Se este encontro de fato aconteceu, vale pensar que os quelônios tenham sido uma fonte de alimento na época. “Sabemos também que as grandes tartarugas fazem parte da dieta dos hominídeos desde o Paleolítico”, lembra o pesquisador. Entretanto, esta pode ser uma afirmação precipitada e precisa ser melhor investigada.

Homenagem a Stephen King

“Chamamos a nova espécie em homenagem à tartaruga gigante ‘Maturin’, uma protagonista do multiverso de Stephen King”, afirma Ferreira sobre a escolha do nome da nova espécie, a Peltocephalus maturin.

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Para entender, Maturin é a criatura responsável por ter criado o universo na obra do escritor norte-americano. Inclusive, é uma personagem que aparece na história do seu icônico e terrível palhaço no livro It: A Coisa

Vale mencionar, no entanto, que King escolheu o nome de Maturin por causa de uma outra referência: Stephen Maturin. Este é um naturalista que conheceu as tartarugas de Galápagos, num romance do escritor britânico Patrick O’Brian.

Além de pesquisadores da Alemanha, contribuíram com a pesquisa membros da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Fonte: Biology Letters e Universidade de Tubinga