Recuperação da camada de ozônio estaria ameaçada, segundo cientistas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |
Um novo estudo publicado por pesquisadores chineses mostrou que a camada de ozônio não vem se recuperando no ritmo que era esperado. Os cientistas observaram uma tendência recente no aumento da radiação ultravioleta no planeta — que o ozônio é capaz de bloquear — especialmente nos trópicos e no hemisfério norte.
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Localizada na estratosfera — segunda camada da atmosfera a partir da superfície — e situada entre 20 e 30 quilômetros de altitude, a camada de ozônio defende toda a vida do planeta dos raios UV provenientes do sol. Ao longo do século XX, a produção de substâncias como clorofluorcarbonos (CFCs) e compostos de bromo abalou a disponibilidade da substância protetora. Estes químicos, ao reagir com o ozônio — composto por três átomos de oxigênio — fazem com que ele se transforme no oxigênio comum.
A ciência esperava que, com os acordos internacionais estabelecidos no final da década de 80, até a metade do século XXI, a camada de ozônio já estaria totalmente recuperada. Desde 2010, porém, a tendência nos trópicos e no hemisfério norte é de mais danos, colocando vidas humanas e o próprio meio ambiente em risco. “Nossa análise mostra níveis de ozônio perturbados e um aumento na radiação UV na superfície por mais de uma década,” diz Yan Xia, cientista que liderou o estudo. “Essa recuperação lenta do ozônio estratosférico é inesperada.”
Para chegar a essa conclusão, a equipe usou dados de satélite e, através de simulações computacionais, calculou o aumento da radiação UV recebida pelo planeta ao longo dos anos. Os pesquisadores chegaram a uma taxa de aumento na radiação de 0,5 a 1,4% por ano entre 2011 e 2020 — algo que não pode ser negligenciado, nas palavras de Xia.
Estudos recentes têm demonstrado vários novos ofensores à camada de ozônio, tanto de fontes naturais quanto humanas. Entre os naturais, incêndios florestais e erupções vulcânicas são exemplos que estão interferindo na recuperação do ozônio estratosférico. Já em relação às atividades humanas, pode-se citar compostos de bromo que não foram regulados internacionalmente.
Novas pesquisas — e até uma revisão do Protocolo de Montreal, que visa a proteção da camada — estão entre as medidas que cientistas sugerem para lidar com este cenário inesperado. Caso a tendência continue, Xia alerta que “o público geral e as autoridades devem estar cientes e preparados para os efeitos negativos da radiação UV no ambiente, na agricultura e na saúde humana.”
Fonte: Advances in Atmospheric Sciences via: Phys.org