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Orcas: as superpredadoras estão ficando mais inteligentes?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 25 de Outubro de 2023 às 19h39

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Thomas Lipke/Unsplash
Thomas Lipke/Unsplash

Um comportamento incomum de orcas vem preocupando a comunidade científica. Desde o ano passado, esses animais foram vistos atacando barcos, raptando filhotes de baleias de outras espécies e até se alimentando de tubarões. Os eventos levantaram uma questão: as orcas estão ficando mais inteligentes? O que estaria impulsionando essa mudança?

Essa espécie pertence à família dos golfinhos — e não das baleias, como muitas pessoas acreditam, muito embora seja popularmente conhecida como baleia-assassina. De acordo com a ONG Wild Orca, esse grande mamífero conta com um cérebro complexo e altamente evoluído, e possui partes do órgão associadas à memória e à emoção que são significativamente mais desenvolvidas do que no cérebro humano, por exemplo.

Cérebro das orcas

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Os pesquisadores defendem que não é provável que os cérebros das orcas estejam mudando ao nível anatômico. Na prática, sim, uma mudança comportamental pode influenciar a anatomia em um animal, mas apenas ao longo de milhares de anos de evolução.

As orcas aprendem rápido, o que significa que podem ensinar umas às outras esses novos comportamentos, e acabam se tornando mais inteligentes como grupo. Ainda assim, alguns desses truques aparentemente novos podem, na verdade, ser comportamentos antigos que os humanos só estão documentando agora.

Embora o cetáceo não tenha histórico de atacar humanos, interações frequentes com pessoas através do tráfego de barcos e atividades de pesca também podem levar as orcas a aprender novos comportamentos. E quanto mais o seu ambiente muda, mais rapidamente essa espécie deve reagir.

Mudanças no comportamento das orcas

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Em 2022, um estudo publicado na Marine Mammal Science lançou alerta sobre orcas matando e comendo baleias-azuis (Balaenoptera musculus), que integram os maiores animais do mundo atual.

Durante os ataques às baleias-azuis, os observadores notaram que as orcas inseriam as suas cabeças dentro da boca das baleias vivas para se alimentarem das suas línguas. Mas os próprios pesquisadores reconhecem a possibilidade de não ser exatamente um comportamento novo, apenas um caso em que os humanos finalmente viram isso "de perto", já que as orcas são conhecidas por serem versáteis enquanto animais superpredadores.

A língua não é a única iguaria que as orcas procuram. Ao largo da costa da África do Sul, a espécie mata tubarões para extrair os seus fígados. Sim, bem específico.

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Nos últimos 60 anos, orcas da costa do Pacífico Norte desenvolveram um jogo único em que procuram botos jovens, às vezes ainda com os cordões umbilicais presos, e brincam com eles até a morte.

Esses comportamentos inusitados estrelam diversos artigos científicos. Ainda sem uma resposta concreta, pesquisadores se concentram em desvendar as razões por trás dessas atitudes e o que elas representam para a evolução dos cetáceos.

Para Alfredo López Fernández, pesquisador de orcas do Grupo de Trabalho de Orcas Atlânticas, em entrevista à BBC, duas hipóteses estão em jogo:

  1. as orcas poderiam estar apenas se divertindo, um comportamento que se aplicaria às mais jovens;
  2. ou então, poderiam ter começado a atacar barcos para tentar evitar uma tragédia, resultado de algum trauma envolvendo a morte de outra orca em um acidente recente, por exemplo.
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E por falar em pesquisa sobre orcas, vale lembrar que uma das descobertas recentes da ciência foi o "orfinho", animal híbrido de orca com golfinho. A primeira fêmea foi a Kekaimalu, que nasceu fruto do acasalamento da mãe golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus), medindo aproximadamente 2 metros, com o pai falsa-orca (Pseudorca crassidens).

Fonte: Canadian Journal of ZoologyYachtMarine Mammal ScienceNPR, Wild Orca, BBC Future