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Peixes escolhem o dia em que vão nascer; entenda como é possível

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Deodatta Gajbhiye/Hebrew University of Jerusalem
Deodatta Gajbhiye/Hebrew University of Jerusalem

Já imaginou escolher o dia em que vamos nascer? Para os humanos, isso é impossível, mas existem algumas exceções no mundo animal. Os peixes podem determinar o momento em que o ovo irá eclodir, marcando o seu nascimento. O processo bastante curioso envolve a liberação de um neuro-hormônio, conhecido como Hormônio Liberador de Tirotropina (TRH).

A descoberta de que os peixes não são passivos na hora do nascimento foi realizada por um grupo de pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel. Os achados foram publicados na revista Science.

Até então, existia uma ideia de que os embriões de ovíparos (as espécies que nascem através de ovos) poderiam definir o momento do nascimento, mas o mecanismo responsável por permitir a escolha era desconhecido. Por enquanto, os testes foram realizados apenas em peixes.

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Melhor horário para nascer

Escolher o momento certo para a eclosão do ovo é fundamental para determinar as chances de sobrevivência do peixe. Para isso, é preciso que o animal capture algum sinal do ambiente externo, avaliando o melhor momento. 

No caso do peixe-zebra (Danio rerio), a preferência é por esperar as primeiras horas do dia, quando há luz solar. No entanto, se ele sair na hora errada ou cedo demais (quando o seu desenvolvimento não estiver completo), a morte é quase certa. De forma oposta, esperar demais também pode ser fatal.

No caso desta espécie, os cientistas identificaram que todo o processo de nascimento começa a partir de um sinal enviado pelo cérebro associado com o hormônio TRH. Este cai na corrente sanguínea e induz a liberação de enzimas que dissolvem a parede do ovo, permitindo que ela se rompa. Sem o hormônio, o animal nunca sai da casca e morre.

Curiosidade: o peixe-zebra é uma das espécies mais estudadas pela ciência por causa das semelhanças de seus mecanismos com os humanos. Por exemplo, já ajudaram a entender melhor como o coração funciona, a partir de um "minicérebro" independente. Esta pequena criatura também tem um poder surpreendente de recuperar a audição.

Para além do peixe-zebra, o grupo analisou outra espécie distante em termos evolutivos, o medaka-japonês (Oryzias latipes). Os caminhos evolutivos das espécies se separaram há cerca de 200 milhões de anos, mas o mesmo hormônio é fundamental para a eclosão do ovo.

E os outros animais?

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"A eclosão é um evento crítico na história de vida das espécies ovíparas", lembram os cientistas, no artigo. A hipótese é que este mesmo hormônio esteja relacionado com o momento de nascimento e o “poder de escolha” de outros grupos de animais, indo além dos peixes, como parte de um processo neuronal. 

Entretanto, é preciso verificar, de forma individual, como o processo ocorre entre os répteis, como o lagarto teiú, o que poderá fazer deste um mecanismo universal e que surgiu há centenas de milhões de anos

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