Parte "silenciosa" de falha geológica na Califórnia ainda pode produzir tremores
Por Wyllian Torres • Editado por Patricia Gnipper |
Sinais “lentos e silenciosos” da famosa falha geológica de San Andreas, na Califórnia, poderiam revelar alguns dos terremotos mais impressionantes da história recente da Terra, segundo estudo liderado pela GNS Science. A descoberta não é motivo de alarme, mas chama atenção para a possibilidade de tremores desse tipo no futuro.
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Parte do oeste da Califórnia é dividida pela Falha de San Andreas, uma ruptura de 1.287 quilômetros de extensão. A falha, formada pelas placas tectônicas do Pacífico e a placa Norte-americana, é responsável por fortes abalos sísmicos de norte a sul no estado.
Ainda assim, a parte central da região abriga um seção “lenta e silenciosa” que pode oferecer potenciais terremotos. A importância de mapear esses pontos é fundamental para prevenir grandes catástrofes à medida que esses blocos geológicos se deslocam.
As seções mais ao norte liberam grandes pressões que abalam a região. Em 1906, em São Francisco, um terremoto matou milhares de pessoas. Já próximo à cidade de Santa Cruz, na Califórnia, um abalo de magnitude de 6,9 matou mais de 60 pessoas em 1989.
Entre essas duas placas, existe um limite bem mais silencioso, onde esses blocos se “raspam” a um ritmo de 26 milímetros por ano. Os pesquisadores observaram que nela não ocorreu nenhum tremor de magnitude superior a 6 nos últimos 2 mil anos, mas isso não significa que jamais ocorrerá um terremoto.
Analisando a falha geológica
Para entender a dinâmica da Falha de San Andreas, os pesquisadores observaram as mudanças na matéria orgânica produzida pelo atrito para, então, identificar sinais de grandes tremores em rochas coletadas nas profundezas da ruptura. A equipe analisou isótopos radioativos de potássio e argônio para estimar a data dos eventos.
A análise revelou sinais de terremotos em uma região sedimentar a mais de 3 km de profundidade. Os tremores observados concordaram com o abalo registrado perto de Santa Cruz e 1989. "Se isso persistir, esta é a primeira evidência de uma grande ruptura sísmica nesta parte da falha", disse a sismóloga Morgan Page.
Para surpresa da equipe, alguns desses tremores aconteceram há menos de 3 milhões de anos. O que, para nós humanos, pode soar como bastante tempo, mas, para a escala geológica da Terra, esse evento é considerado recente.
A equipe ressaltou, por fim, que essa sessão “rasteira” na Falha de San Andreas é uma evidência suficiente para que a Califórnia se mantenha monitoram a região de maneira constante.
A pesquisa foi apresentada na revista científica Geology.
Fonte: Geology, Via ScienceAlert