Publicidade

Olimpíadas 2024 | Poluição no rio Sena volta a atrapalhar os jogos

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

Compartilhe:
Eloi Motte/Pexels
Eloi Motte/Pexels

Os Jogos Olímpicos de Paris continuam a ser afetados pelos níveis de poluição no rio Sena. O treino de maratona aquática foi adiado na terça-feira (6) para esta quarta (7), que ocorreu sem a participação de todos os atletas. As mudanças de plano só reafirmam o desafio que é acompanhar a qualidade das águas do canal que atravessa o centro da capital francesa.

Se nenhum contratempo ocorrer envolvendo a poluição do Sena e os relatórios diários de qualidade da organização World Aquatics continuarem positivos, a competição de maratona de natação feminina das Olimpíadas 2024 acontecerá na quinta (8), enquanto a masculina está programada para sexta (9).

No entanto, a experiência com os treinos e a prova de triatlo nos Jogos Olímpicos indicam que não há garantias. Devido à elevada concentração de coliformes fecais (ou coliformes termotolerantes), como Escherichia coli, os atletas precisaram se adaptar. Inclusive, pelo menos 5 passaram mal, após as provas (sem relação confirmada com o Sena até o momento).

Canaltech
O Canaltech está no WhatsApp!Entre no canal e acompanhe notícias e dicas de tecnologia
Continua após a publicidade

Atletas do BR não treinam no Sena

No treino desta quarta (7), as atletas que representam o Brasil na maratona aquática não mergulharam no rio Sena. Entretanto, a opção pelo treino em piscina não está associada oficialmente com a qualidade das águas. Afinal, o nado foi liberado pelas organizações responsáveis pela medição.

Sem mencionar a questão dos níveis de poluição, Christiano Klaser, chefe de delegação das Águas Abertas nas Olimpíadas, comentou que “elas preferiram estar nesse ambiente mais controlado que é a piscina, um ambiente mais relaxado, onde a gente pode também fazer um último detalhe técnico”, durante entrevista para a TV Globo. O foco é a prova de amanhã, aponta.

Poluição do rio Sena e doenças

Para entender, as principais medições de qualidade da água do rio Sena envolvem o controle de quantidade das bactérias E. coli e dos enterococos intestinais (como Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium). O excesso pode implicar em problemas gastrointestinais e diarreias entre os atletas, por exemplo.

Conforme estabelece as diretrizes, é seguro nadar em águas com até 1.000 unidades de formação de colônias de E. coli por 100 mililitros e até 400 unidades formadoras de colônias de enterococos por 100 mililitros.

As medições durante os Jogos Olímpicos de Paris são diárias, já que essas concentrações podem variar por diferentes motivos, como acontece em caso de chuvas torrenciais. Nessas situações, o excesso de águas residuais desequilibra a equação.

Continua após a publicidade

Problemas de saúde entre os atletas? 

Como foram relatados cinco casos de atletas do triatlo que precisaram abandonar as provas ou que passaram mal depois devido a doenças, inúmeras associações envolvendo a E. coli e outros possíveis patógenos presentes no Sena foram sugeridas. Entretanto, nada foi confirmado oficialmente.

Entre estes casos, está a triatleta belga Claire Michel. Segundo jornais locais, como De Standaard, ela teria contraído uma infecção bacteriana por E. coli após nadar no rio. Em postagem no Instagram, a esportista falou sobre “informações conflitantes” e deu detalhes sobre o seu problema de saúde.

Continua após a publicidade

“Exames de sangue mostraram que contraí um vírus (não a bactéria E. Coli)”, afirma Michel. Por causa disso, ele passou mal por três dias, com vômitos e diarreia, precisando de cuidados médicos. 

O atleta suíço Adrien Briffod também apresentou uma “infecção gastrointestinal”, sem o detalhamento da causa, e precisou largar a prova. Outro parceiro de time, Simon Westermann, também teve complicações. Segundo o Comitê Olímpico da Suíça, não é possível afirmar que o quadro tem relação com a qualidade da água do Sena, após a prova das Olimpíadas. 

Além disso, como aponta o Comitê Olímpico Português, dois atletas do triatlo, Melanie Santos e Vasco Vilaça, apresentam problemas de saúde envolvendo uma infecção gastrointestinal.

Desafio pós-Olimpíadas de Paris

Continua após a publicidade

Todo o debate envolvendo a qualidade do Sena leva a uma pergunta: a França teria fracassado em seu ambicioso plano de despoluir o rio Sena e tornar este um dos maiores legados das Olimpíadas 2024 para o país? A resposta é não.

O projeto francês de despoluir o rio custou cerca de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente 8,5 bilhões de reais) e busca recuperar o Sena, local em que é proibido nadar desde 1923. São mais de 100 anos, o que torna esperado esses contratempos.

Por outro lado, sinais de melhoria na qualidade da água já são visíveis. Em 1990, era possível encontrar apenas 14 espécies de peixes no rio Sena. Agora, são avistadas 34. Isso demonstra o impacto da recuperação ambiental.

Continua após a publicidade

“O sucesso será completo se os políticos e cientistas mantiverem seus esforços pelos próximos anos”, afirma Jean-Marie Mouchel, cientista e professor de hidrologia na Universidade de Sorbonne, para a revista Wired. Assim, os Jogos Olímpicos são vistos como mais um capítulo.

“Nadar no Sena está se tornando um objetivo cada vez mais realista [para além das Olimpíadas 2024]. Nunca seremos capazes de nadar no Sena todos os dias, mas o número de dias em que é possível nadar no Sena está aumentando”, completa.

Fonte: AP, TV Globo, Wired