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O rio Eufrates está secando; o que isso significa?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 28 de Julho de 2023 às 21h56

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Mehr News Agency/Morteza Jaberian/CC-BY-4.0
Mehr News Agency/Morteza Jaberian/CC-BY-4.0

O rio Eufrates está secando graças a secas crônicas e mudanças climáticas e, embora o fato esteja em um aviso bíblico sobrenaturalmente ligado a uma segunda vinda de Jesus Cristo, as consequências do evento poderão causar problemas mais imediatos e menos metafísicos no planeta — como guerras por água, sede generalizada e crises humanitárias.

O fluxo fluvial fica logo ao lado do rio Tigre, ambos serpenteando através da atual Turquia, Síria e Iraque, chegando até o Golfo Pérsico. É o maior sistema de rios do Oeste Asiático, com uma bacia que chega até o Irã, a leste. As terras entre ambos os rios fazem parte do Crescente Fértil histórico, que deu condições ideais para que agricultores se assentassem pela primeira vez, dando origem, eventualmente, às primeiras civilizações urbanas do mundo, como a Mesopotâmia.

Causas da seca do Eufrates

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O sistema fluvial Tigre-Eufrates já gerou uma terra bastante fértil e abundante, mas está secando a taxas alarmantes. Segundo um reporte de 2002 do Ministério de Recursos Hídricos do Iraque, os rios podem vir a secar completamente até 2040 por conta da diminuição nos níveis de água. Secas como essa estão intrinsecamente ligadas às mudanças climáticas pelas quais o planeta atualmente passa.

Em apenas algumas décadas, o fluxo dos rios diminuiu para quase metade da média anual nos anos de seca. Imagens de satélite mostram que as bacias do Tigre e do Eufrates perderam 144 km³ de água doce entre 2003 e 2013, deixando os níveis hídricos com medidas entre as mais baixas de toda a história registrada.

Esses eventos, em grande parte, estão proximamente ligados à crise climática global. O Oriente Médio é considerado uma das áreas mais vulneráveis às mudanças do clima, que deve tornar a escassez de água ainda pior no futuro. Problemas no meio ambiente, é claro, significam problemas à população. Cerca de 60 milhões de pessoas dependem da água do Tigre e do Eufrates para subsistência, principalmente na Turquia e no Iraque.

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Desde os anos 2000, cooperações internacionais acerca do gerenciamento da bacia Tigre-Eufrates teriam, segundo reportes, estancado, alimentado rivalidades locais e tensões geopolíticas entre os que dependem e moram ao redor do sistema fluvial. No próximo século, é provável que vejamos estourar “guerras da água”, lutadas para ter o controle de trechos ainda viáveis de abastecimento hídrico — bem à la Mad Max, mesmo.

Entre todos os lugares que poderão ver essa briga pela água, o complexo Tigre-Eufrates é um dos mais críticos, dado o número de habitantes do lugar e a instabilidade política que se recusa ter resolução.

Além disso tudo, há o risco de doenças, como mostrado por uma pesquisa publicada na British Medical Journal em março deste ano. Um sem-número de emergências de saúde está surgindo no Iraque pela falta de água limpa para higiene, incluindo doenças transmitidas por água contaminada, como cólera, catapora, sarampo e febre tifoide.

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Fonte: MENA, AP News, Climate Diplomacy, BMJ