O que é oxigênio escuro, encontrado no fundo do mar
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Na última semana, o mundo científico foi surpreendido com a notícia de uma nova fonte de oxigênio, inusitadamente não-biológica, entre os minerais das profundezas do mar. O novo fabricante do elemento fica a cerca de 4 km de profundidade, na Zona Clarion-Clipperton do Oceânico Pacífico, ou meio Everest de profundidade.
O aspecto surpreendente está na crença anterior de que apenas processos biológicos, como a fotossíntese, produzissem a substância essencial à vida. Foram mais de 10 anos de pesquisa para descobrir de onde o elemento estava vindo — e ele é chamado, agora, de “oxigênio escuro”. Mas o que isso significa?
Oxigênio escuro marinho
A Zona Clarion-Clipperton abarca cerca de 4,5 milhões de km², abrigando inúmeras rochas de cobalto, cobre, lítio, manganês e níquel. Esses nódulos metálicos, especificamente os de manganês, produzem uma carga elétrica, o suficiente para alimentar uma pilha AA. Isso se chama eletrólise de água salgada.
É através desse processo elétrico que a água do mar acaba sendo dividida entre hidrogênio e oxigênio, o que foi confirmado em laboratório. Como tudo isso acontece no fundo do mar, longe de qualquer fonte de luz ou processos biológicos, o nome mais adequado que os cientistas encontraram para seu produto foi “oxigênio escuro”.
A descoberta aconteceu durante estudos da Associação Escocesa de Ciências Marinhas (SAMS), em 2013, justamente para descobrir quanto oxigênio os organismos das profundezas da Zona Clarion-Clipperton consumiam.
Naturalmente, como se achava que o oxigênio do mar vinha exclusivamente de algas, plâncton e plantas próximas, a crença era de que, quanto mais fundo se fosse, mais rarefeito seria o elemento. A reaparição do oxigênio no fundo, há uma década, surpreendeu. Isso quer dizer que a vida aeróbica (que respira oxigênio) pode ter prosperado bem antes da fotossíntese — o que pode, aliás, estar acontecendo em outros planetas.
Fonte: Nature Geoscience