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O mundo está preparado para a próxima super erupção vulcânica?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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Ása Steinarsdóttir/Unsplash
Ása Steinarsdóttir/Unsplash

Cientistas alertam que a humanidade não está preparada para a próxima super erupção vulcânica, um dos riscos à nossa existência na Terra que é pouco considerado. Ameaças nucleares, mudanças climáticas e até mesmo eventos menos prováveis como a queda de um meteoro costumam ser mais temidos, mas os vulcões podem ser tão imediatos e destrutivos quanto estes outros perigos.

Em uma postagem da revista científica Nature que comenta artigos e estudos acerca da lava sobre a qual sentamos e sua possível ameaça, são trazidos alguns números para termos noção do tamanho do problema que podemos enfrentar. No próximo século, dizem os cientistas, erupções vulcânicas de larga escala são centenas de vezes mais prováveis do que o impacto de asteroides e cometas combinados.

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Ameaças, vulcões e super erupções

Asteroides já ameaçaram a Terra — o impacto do mais famoso deles, o Chicxulub, extinguiu os dinossauros de formas diretas e indiretas há 65 milhões de anos, o que gera preocupações e programas como o DART (Double Asteroid Redirection Test), da Nasa, cuja primeira missão tentando defletir um asteroide para fora de seu curso custará US$ 33 milhões (cerca de R$ 172 milhões). Custos maiores são postos no monitoramento de possíveis ameaças vindas do espaço.

Mas os pesquisadores alertam que, ao invés de concentrar tanto os olhares para o alto, também é útil olhar para baixo, afinal, ao contrário dos bólidos que singram o espaço, os vulcões já estão aqui, em nosso planeta. Já vimos algumas erupções sérias, mas a maioria delas é risível se comparada com as erupções de supervulcões que ocorrem a cada 15.000 anos, em média.

A última super erupção foi detectada há 22.000 anos, caracterizada por ter uma magnitude 8, no mínimo, conforme o Índice de Explosividade Vulcânica. Para um comparativo, a erupção de magnitude 7 mais recente foi em 1815, no Monte Tambora, Indonésia, que matou cerca de 100.000 pessoas: suas cinzas e fumaça ainda reduziram a temperatura global em 1 °C, causando um "ano sem verão", em 1816 e afetando colheitas, causando fome, surto de doenças e violência.

Em um mundo onde a população aumentou 8 vezes desde os anos de 1800 e muitas áreas urbanas densas se aglomeraram ao redor de vulcões perigosos, com uma dependência cada vez maior no comércio global, os perigos só fazem crescer. Um estudo de 2021, que estudou dados do interior de geleiras, notou que o intervalo entre erupções catastróficas pode ser centenas ou até milhares de anos menor do que pensávamos.

E o histórico de muitos vulcões ainda é desconhecido, com áreas pouco estudadas, mas potencialmente perigosas, como o sudeste asiático. Também há pouco estudos interdisciplinares sobre possíveis impactos de super-erupções na civilização humana global, que poderiam observar os riscos potencias ao comércio, agricultura, energia e infraestrutura, por exemplo.

Para melhorar o quadro, os cientistas acreditam que possamos melhorar o monitoramento vulcânico tanto com observações em terra como com satélites dedicados à observação aérea, o que tem sido pedido por vulcanólogos há algum tempo. Além disso, é importante conscientizar a população, especialmente quem vive próximo a áreas vulcânicas perigosas, as ensinando a se preparar para erupções.

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Avisos públicos, detalhe sobre evacuações, guias de sobrevivência e direcionamento a abrigos e instalações de saúde são apenas alguns dos treinamentos possíveis para essas populações. Pensar nas questões climáticas e nos asteroides também é importante, sim — mas há de se olhar também para baixo de vez em quando.

Fonte: Nature