Mudanças climáticas modificam a rotação da Terra e afetam o tempo
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |
As mudanças climáticas geram diversos impactos no mundo inteiro, e de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Nature, essas consequências vão muito além do que a gente imagina, chegando à rotação da Terra e afetando até mesmo a contagem de tempo, de modo que a cronometragem fica menos precisa.
Primeiro, precisamos deixar claro que a Terra não gira a uma velocidade constante: a Lua, o Sol, as marés oceânicas, a própria atmosfera do planeta e o movimento do núcleo interno sólido também estão envolvidos nessa equação.
Mas de acordo com esse novo estudo, o derretimento das calotas polares na Antártica e na Groenlândia desloca a água do degelo em direção ao equador. Nos polos, a terra pressionada pelo gelo sobe e o planeta passa por mudanças em sua forma.
Essas alterações têm efeitos opostos na rotação da Terra, e embora o núcleo faça com que o planeta gire mais rapidamente, as mudanças causadas pelo aquecimento abrandam esse processo.
O grupo mostrou que o aumento do derretimento do gelo na Groenlândia e na Antártida diminuiu a velocidade angular da Terra mais rapidamente do que antes.
Segundo bissexto
Para manter os relógios em sincronia com o movimento da Terra, os cientistas criaram o "segundo bissexto", ou seja, um segundo extra ao tempo universal coordenado (UTC).
Mas se a rotação da Terra estiver acelerando, como sugerido pelas mudanças climáticas, a proposta seria subtrair um segundo do tempo para corrigir essa aceleração. Essa medida é chamada de "segundo bissexto negativo".
O objetivo é manter a precisão dos relógios em relação ao movimento real da Terra, mesmo com as mudanças causadas pelas alterações climáticas.
Os cientistas acreditem que teremos que fazer esse ajuste até 2029 por causa do aquecimento global, mas ainda não há uma certeza concreta do que vai acontecer.
É como prever o tempo: é possível fazer previsões, mas sem certeza absoluta do que está por vir. De qualquer forma, os pesquisadores indicam uma probabilidade percentual maior de um segundo bissexto negativo do que há 25 anos.
Fonte: Nature