Grandes incêndios estariam impedindo regeneração adequada de florestas
Por Rodilei Morais • Editado por Patricia Gnipper |

O clima cada vez mais quente e seco no oeste dos Estados Unidos tem feito com que as florestas da região tenham mais dificuldade de se regenerar após um incêndio, apontam pesquisadores americanos.
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Segundo Kimberley Davis, cientista da Universidade de Montana em Missoula, “não podemos esperar que as florestas se recuperem após incêndios florestais da forma que elas foram capazes no passado.” A pesquisa reforça uma tendência observada também no Brasil, quando pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) demonstraram a dificuldade de florestas tropicais se regenerarem nos últimos anos.
O novo estudo analisou 334 incêndios florestais no intervalo de 1984 a 2018 e seus efeitos em oito espécies de coníferas — árvores como pinheiros, cedros e sequoias. Muitos destes eventos teriam apagado os estoques de sementes que permitem a recuperação das áreas queimadas. Mesmo se as sementes sobrevivessem, as árvores jovens sofreriam para sobreviver com as novas condições climáticas.
Entre as possíveis consequências desta dificuldade de regeneração, pode estar a substituição das florestas por áreas savânicas, com vegetação dominadas por arbustos — o que também afetaria a quantidade de carbono armazenado na vegetação, a qualidade da água e a biodiversidade da região.
Nem tudo, porém, está perdido. Kimberley e seus colegas dizem que, se as autoridades responsáveis tomarem as ações necessárias nas próximas duas décadas, os efeitos das mudanças climáticas na regeneração das árvores podem ser atenuados.
Entre as medidas a serem tomadas, estão pequenas queimadas controladas — elas podem evitar incêndios maiores — e a poda de árvores. As duas estratégias seriam, contudo, apenas paliativas, sendo a solução mais adequada a redução das emissões de gases estufa.