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90% dos animais e plantas da Amazônia já foram afetados por incêndios florestais

Por| Editado por Patricia Gnipper | 01 de Setembro de 2021 às 12h05

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Vinícius Mendonça/IBAMA
Vinícius Mendonça/IBAMA

Em um novo estudo, pesquisadores revelam que, em quase duas décadas, cerca de 90% das espécies de animais e plantas da Amazônia brasileira já foram impactadas por incêndios. Eles também apontam para o impacto das queimadas, que aumentaram consideravelmente em 2019, com o enfraquecimento de políticas eficazes de fiscalização e monitoramento de desmatamentos e queimadas.

A equipe procurou identificar a totalidade das espécies da Amazônia brasileira atingidas pelos incêndios florestais entre os anos de 2001 e 2019. Para isto, os pesquisadores utilizaram imagens obtidas por satélites. Assim, eles mapearam o fogo e compararam essas imagens com outros mapas que mostram as áreas de ocorrência de 11.514 espécies de plantas e 3,079 de animais.

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Em alguns locais, mais de 60% da cobertura original foi impactada por queimadas ao longo dos últimos 20 anos. O pesquisador Mathias Pires, da Unicamp e co-autor do estudo, identificou a ocorrência do fogo em áreas bem mais centrais da Amazônia nos últimos anos — e não apenas naquelas localizadas nos limites do bioma, que são mais suscetíveis aos incêndios por conta do clima seco. Neste caso, as queimadas são provocadas por ação humana com o objetivo de transformar a floresta em pasto para gados.

O fogo não apenas mata os animais, mas transforma completamente o habitat das espécies. “As plantas amazônicas não têm adaptações ao fogo como as plantas do Cerrado, por exemplo, e geralmente morrem após a passagem do fogo, transformando a floresta fechada em ambientes abertos”, acrescentou Pires. O pesquisador acrescenta que as mudanças climáticas tornarão essa região mais secas, favorecendo ainda mais os casos de incêndios.

Além disso, o estudo identificou três grandes ciclos de incêndio na Amazônia, relacionados com seus respectivos momentos políticos do país. Até 2008, esses incêndios eram frequentes e atingiam áreas maiores. Entre 2009 e 2018, com a presença de políticas de controle de desmatamento, conseguiu evitar os incêndios, mesmo com o tempo seco. No ano seguinte, 2019, quando a aplicação dessas políticas começou a relaxar, houve um impacto do fogo bem maior do que o esperado.

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Segundo Danilo Neves, pesquisador da UFMG e co-autor do trabalho, o estudo destacou uma relação muito estreita entre a política brasileira, o desmatamento e queimadas na Amazônia. A única saída deste cenário seria o investimento na fiscalização e monitoramento das queimadas na região. “Caso contrário, mais espécies serão impactadas e ecossistemas inteiros entrarão em colapso”, ressaltou Neves.

O estudo, conduzido pela Universidade do Arizona, nos EUA, contou com a participação de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), com apoio do Instituto Serrapilheira.

Fonte: Agência Bori