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Fósseis da Groenlândia revelam que havia muito verde e flores por lá

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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NASA Goddard Space Flight Center/CC-BY-2.0
NASA Goddard Space Flight Center/CC-BY-2.0

Cientistas encontraram, por acaso, provas de que a Groenlândia foi uma tundra verdejante há menos de um milhão de anos, graças a fósseis de espécies que só sobreviveriam na ausência do gelo característico da ilha. Atualmente, cerca de 98% do local é coberto por uma plataforma gelada.

Pesquisadores debatem há muito tempo sobre a presença do gelo na Groenlândia desde o início do Pleistoceno, época que começou há 2,7 milhões de anos. Um estudo mais recente, no entanto, publicado neste mês de agosto, mostrou que o corpo de terra estava livre do gelo não só na costa, mas também no centro, tendo derretido em um passado geológico não muito distante.

Groenlândia florida

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Os responsáveis pela análise são geólogos da Universidade de Vermont, que buscaram amostras do centro gelado da Groenlândia coletadas em 1993. A ideia, originalmente, era apenas medir os isótopos de carbono para determinar a idade do gelo, mas foram encontrados diversos fósseis, desde salgueiros e fungos a restos de insetos e sementes de papoula.

Segundo os cientistas, a evidência mais importante está nos restos do musgo Selaginella rupestris, que atualmente só sobrevive em ambientes arenosos e rochosos. A espécie precisa dos mesmos fatores que qualquer outra planta para sobreviver, como nutrientes, água e luz solar, e não consegue crescer no topo de uma plataforma de gelo.

Outro estudo, publicado em 2016, também analisou um miolo de gelo e indicou que a geleira groenlandesa teria no máximo 1,1 milhão de anos. Os pesquisadores também estimaram, a partir da perda de gelo aferida no sítio GISP2, que até 90% da Groenlândia teria estado livre de gelo à época, tendo sido uma tundra repleta de plantas e flores.

Mais uma pesquisa de 2019, que analisou uma amostra coletada em 1966, mostrou que a ilha não teria gelo nos últimos 500 mil anos, com base em fósseis de sementes, galhos e restos de insetos presentes. Parte do problema, dizem os pesquisadores, é que o gelo de 3,2 km de espessura que cobre o local foi extensamente estudado, ignorando o que havia abaixo.

A ilha, curiosamente, estava sem gelo em uma época com baixos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, o que pode ser preocupante para nós, já que seu gelo é o principal contribuinte para o aumento do nível do mar. Assim como o gelo voltou, no entanto, ele poderá voltar a congelar no futuro, caso derreta, esperança na qual os cientistas apostam.

Fonte: University of Vermont, PNAS