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Estudo mostra impactos das mudanças climáticas na agricultura na próxima década

Por| Editado por Patricia Gnipper | 03 de Novembro de 2021 às 19h40

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Todd Trapani/pexels
Todd Trapani/pexels

Já era sabido que as mudanças climáticas também acarretarão profundas mudanças nas safras dos países conhecidos como “celeiros do mundo”, isto é, os maiores produtores de grãos, como milho e trigo. E, agora, um novo estudo liderado pela NASA revela que tais consequências chegarão bem mais rapidamente. O estudo estima que que, sob o atual cenário de emissão de gases de efeito estufa, até 2030 a safra de milho será reduzida em 24%, enquanto a de trigo deve subir até 17%. Pode até parecer pouca coisa, mas, no cenário global, é o suficiente para profundos impactos.

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram modelos avançados de clima e agricultura e descobriram que as mudanças nas produções agrícolas estão relacionadas às projeções de temperatura, mudanças nos ciclos de chuva e concentrações elevadas de CO2 — todos estes fatores dificultariam o cultivo de milho nos trópicos, mas poderiam expandir o cultivo do trigo.

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O modelador de safras e cientista climático Jonas Jägermeyr, do Goddard Institute for Space Studies (GISS) da NASA, que também é o principal autor do estudo, disse que ele e sua equipe não esperavam observar uma mudança tão fundamental em comparação às projeções conduzidas em 2014. “Uma redução de 20% dos níveis de produção atuais pode ter implicações graves em todo o mundo”, acrescentou Jägermeyr.

Para chegar a estes resultados, os pesquisadores usaram dois conjuntos de modelos. Primeiro, os cinco modelos climáticos fornecidos pelo Climate Model Intercomparison Project-Phase 6 (CMIP6), onde cada um deles fornece sua própria resposta sobre a atmosfera da Terra em relação gases de efeito estufa até 2100. Além disso, a equipe utilizou os 12 modelos de cultivo globais do Agricultural Model Intercomparison and Improvement Project (AgMIP).

Os modelos do AgMIP simulam em grande escala como as plantações crescem e se comportam às condições ambientais como a temperatura, chuvas e CO2 atmosférico. Ao combinarem estes vários modelos com diferentes combinações de cultivos, os pesquisadores ficaram mais certos de seus resultados. “Em seguida, observando a mudança ano a ano e década a década em cada local do mundo”, explicou Alex Ruane, coautor do estudo.

Vale destacar que o estudo se concentrou apenas nas variáveis climáticas e os impactos dessas mudanças, ou seja, a questão econômica e mudanças nas práticas agrícolas ficam de fora. Para este foco, a equipe pretende examinar estes ângulos em trabalhos seguintes, uma vez que estes fatores também afetarão o rendimento agrícola futuro. As projeções de soja e arroz apontam um declínio em algumas regiões, mas, em escala global, os modelos ainda discordam.

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Para o milho e trigo, as mudanças climáticas serão mais severas, como apontam a maioria dos modelos. O milho é produzido mundialmente em grandes quantidades e seu plantio se concentra em regiões próximas ao equador. Segundo o estudo, as Américas do Norte e Central, a África Ocidental, a Ásia Central e o Brasil observarão um declínio em suas safras nos próximos anos — e até mais, conforme a temperatura aumenta nestas regiões.

O trigo, cultivado em regiões de climas temperados, pode ter sua área de cultivado ampliada, incluindo o norte dos EUA e Canadá, sul da Austrália e África Ocidental — no entanto, estes ganhos podem se estabilizar em meados deste século. Os altos níveis de CO2 afetam a fotossíntese das plantas, bem como a sua retenção de água, enquanto o aumento da temperatura afeta o ciclo das chuvas e também a maturação das safras.

O cientista climático Jägermeyr disse que, mesmo nos cenários mais otimistas de mudanças climáticas, onde sociedades realizam todos os esforços ambiciosos para limitar o aquecimento global, a agricultura global enfrenta uma nova realidade climática. “Com a interconexão do sistema alimentar global, os impactos no celeiro de uma região serão sentidos em todo o mundo”, ressaltou.

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A pesquisa foi publicada na revista Nature Food.

Fonte: NASA