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Estudo da NASA indica riscos do aumento da temperatura do bulbo úmido no planeta

Por  • Editado por Luciana Zaramela |  • 

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Pete Linforth/Pixabay
Pete Linforth/Pixabay

Com o aquecimento global, a vida no planeta Terra está mudando e a temperatura de bulbo úmido desempenha um papel importante nessa equação. Nos próximos anos, algumas áreas podem chegar a ser classificadas como inabitáveis durante eventos extremos -- se nada for feito -- segundo estudo desenvolvido por pesquisadores da NASA publicado em 2020. A maior parte dos desafios deve se concentrar no sul da Ásia e no Golfo Pérsico, mas outras áreas do globo também poderão ser afetadas.

CORREÇÃO: ao publicar esta reportagem, o Canaltech errou ao informar no título que o Brasil será inabitável em 50 anos. O estudo da NASA aponta os riscos da elevação da temperatura do bulbo úmido para o planeta, focando nos desafios que serão enfrentados na Ásia e no Golfo Pérsico, e não cita o Brasil diretamente. A informação foi corrigida dia 30 de julho, às 14h30.

O estudo que avalia o risco do aumento da temperatura do bulbo úmido e as possíveis áreas do planeta mais afetadas foi liderado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA. O artigo científico foi publicado na revista Science Advances.

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Em algum grau, o Brasil também pode ser afetado por esses eventos associados com o aumento da temperatura do bulbo úmido, como sugere um post no blog da NASA relacionado à mesma pesquisa. Entretanto, esta questão está longe de consenso. 

O interessante é que a pesquisa sobre partes do globo que podem se tornar inabitáveis não se baseia na temperatura “normal”, aquela vista em um termômetro de rua, mas na questão da temperatura de bulbo úmido. Aqui, o cálculo é mais complexo.

O que é temperatura do bulbo úmido?

Para entender, a temperatura do bulbo úmido é a temperatura de uma superfície úmida quando a água evapora. Como essa variável combina os efeitos da temperatura do ar e da umidade relativa, é bastante útil para avaliar o nível de conforto térmico e o risco de calor extremo, que é uma condição potencialmente fatal para os humanos.

Quando o dia alcança a temperatura “normal” de 35 °C, ele é considerado quente. Entretanto, dificilmente será fatal, ainda mais quando se considera medidas importantes de proteção, como manter o corpo hidratado. 

Agora, quando a temperatura do bulbo úmido chega a 35 °C, isso é muito grave e há risco de mortes segundo os autores do estudo sobre as áreas do planeta inabitáveis. Isso porque é o equivalente a 45 °C, com 50% de nível de umidade, e sensação térmica superior a 70 °C. Seria algo próximo de uma área inabitável.

Previsão para os próximos 50 anos

"A capacidade dos humanos de dissipar calor de forma eficiente nos permitiu percorrer todos os continentes, mas uma temperatura de bulbo úmido (TW) de 35 °C marca nosso limite fisiológico”, afirmam os pesquisadores sobre os riscos deste tipo de aquecimento, no estudo original. 

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Os modelos climáticos projetam que episódios com essa temperatura extrema de bulbo úmido se tornarão mais comuns. Isso afetará a ocupação do planeta e até poderá causar migrações por causa do clima. Entretanto, a previsão só deve se confirmar, caso as temperaturas médias subam cerca de 2,5 °C em relação aos níveis pré-industriais (isso ainda não aconteceu).

"A  costa sul do Golfo Pérsico e o norte do sul da Ásia abrigam milhões de pessoas, situando-as na linha de frente da exposição aos extremos da TW [temperatura do bulbo úmido], no limite e fora do intervalo de variabilidade natural em que nossa fisiologia [humana] evoluiu", afirmam os autores.

A seguir, veja o registro histórico da temperatura do bulbo úmido no planeta:

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Temperatura limite para os humanos

“Quando as temperaturas de bulbo úmido são extremamente altas, há tanta umidade no ar que o suor se torna ineficaz na remoção do excesso de calor do corpo, como o que acontece em uma sauna”, afirma Colin Raymond, pesquisador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e autor do estudo, em comunicado da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). Esta foi a instituição que financiou a pesquisa.

Para o pesquisador da NASA, ficar mais de seis horas sob os efeitos diretos de uma temperatura do bulbo úmido de 35 °C pode ser fatal. “Isso levará à falência de órgãos e à morte na ausência de acesso ao resfriamento artificial”, alerta. Por isso, algumas zonas devem se tornar inabitáveis (ao menos durante o pico).

Áreas da Terra inabitáveis no futuro?

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Em 2050, daqui a menos de 30 anos, o sul da Ásia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho podem ser afetados por episódios de aumento da temperatura do bulbo úmido, com áreas sendo classificadas como possivelmente inabitáveis, como aponta artigo no blog da NASA, publicado em 2022.

Em 2070, a situação limite relacionada à temperatura do bulbo úmido poderá se expandir para outras áreas, englobando o leste da China, partes do sudeste da Ásia e até algumas partes do Brasil. No entanto, esta é apenas uma previsão, que pode não se concretizar, dependendo da forma com que o problema for encarado.

Fonte: Science Advances, NOAA, NASA