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Ecossistema oculto de micróbios resiste a 4 m de profundidade no Atacama

Por| Editado por Luciana Zaramela | 26 de Abril de 2024 às 11h38

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Dirk Wagner/GFZ
Dirk Wagner/GFZ

Por muitos anos, as areias escaldantes e o solo extremamente seco do deserto do Atacama foram considerados sem vida. Eis que pesquisadores do Chile e da Alemanha descobriram um vasto ecossistema de micróbios, que vivem até 4,2 metros abaixo da superfície. É um ecossistema quase oculto, capaz de resistir a condições extremamente adversas.

O subsolo do Atacama é, agora, um habitat subterrâneo a ser explorado, com descobertas futuras que podem ajudar até a entender como a vida em Marte seria possível. Talvez, possam existir colônias de bactérias no subsolo do planeta vermelho também. Hoje, estas evidências ainda não foram encontradas.

Por enquanto, os pesquisadores se concentram em entender melhor como vivem esses micróbios em uma das regiões mais quentes do planeta Terra. Além do calor, o solo do Atacama tem elevados índices de salinidade e é extremamente pobre em nutrientes. É realmente impressionante a possibilidade de vida naquele lugar.

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Ecossistema de micróbios do Atacama

Publicado na revista PNAS Nexus, os pesquisadores explicam que realizaram a investigação dos microorganismos presentes no subsolo do deserto do Atacama a partir da análise de fragmentos de DNA encontrados durante as escavações — a cada 10 cm, uma amostra foi coletada.

Como a região do Chile não conta com um regime regular de chuvas e nem com uma vegetação nativa, os autores afirmam que são estes micróbios que alimentam o fluxo de nutrientes para as camadas mais profundas da terra. 

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Nos primeiros 80 centímetros de profundidade, os exploradores contam que é comum a presença de micróbios do filo Firmicutes — estão são resistentes a altas concentrações de sal no solo e não precisam de oxigênio. No entanto, eles logo desaparecem, conforme a escavação continuou.

Ação das actinobactérias

Quando a equipe chegou a 2 metros de profundidade, novos habitantes do subsolo do Atacama surgiram: as actinobactérias. Elas compõem um grupo diversos de bactérias com a capacidade de viver em ambientes extremos, como fontes de água termais, mares excessivamente salgados e regiões do Ártico.

A principal hipótese é que as actinobactérias viviam na região há cerca de 19 mil anos, em depósitos no rio, quando foram soterradas por sedimentos. Hoje, estes organismos conseguem extrair água da gipsita — um sulfato de cálcio hidratado, comum na região —, o que é fundamental para a sua sobrevivência.

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Além disso, essas bactérias conseguem usar gases residuais. Por exemplo, o hidrogênio vira uma fonte de energia, enquanto o CO2 se torna uma fonte de carbono para o crescimento. 

“Esse tipo de metabolismo, denominado quimiolitoautotrofia, foi sugerido em outros estudos como importante para solos hiperáridos, onde a matéria orgânica é extremamente limitada como fonte de carbono”, afirma Lucas Horstmann, pesquisador do GFZ – Centro Alemão de Pesquisas em Geociências e um dos autores, em nota.  

Agora, a equipe internacional busca entender melhor como esses organismos minúsculos se organizam e impactam o ecossistema do deserto do Atacama, uma das regiões mais secas do globo. 

Fonte: PNAS Nexus e GFZ