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Como no Tinder, IA busca "match" para planta mais solitária do mundo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 05 de Junho de 2024 às 18h50

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Universidade de Southampton/C-Lab
Universidade de Southampton/C-Lab

Já imaginou uma espécie de planta que surgiu no planeta antes mesmo dos dinossauros? Esse organismo vegetal tão antigo existe e se chama Encepahalartos woodii. No entanto, é a planta mais solitária do mundo e, hoje, não consegue mais se reproduzir de forma sexuada. Então, cientistas criaram uma espécie de Tinder das plantas, unindo Inteligência Artificial (IA) e imagens capturadas por drones, para encontrar o match perfeito e impedir a sua completa extinção.

Liderado por pesquisadores da Universidade de Southampton (Reino Unido), o Tinder das plantas é uma iniciativa pioneira no campo da preservação de espécies em risco de extinção. Afinal, a ideia é literalmente “encontrar” exemplares fêmeas da E. woodii para um macho conhecido. Se esse par ideal existir, há alta expectativa de um romance vegetal.

Tinder e reprodução sexuada de plantas

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Calma! Se você achou toda essa história confusa sobre uma parceira para a planta mais solitária do mundo e um tipo de Tinder, nós vamos explicar. Em primeiro lugar, o macho da espécie E. woodii ainda pode se reproduzir, mas apenas de forma assexuada, o que resulta em clones idênticos — isso já está sendo feito.

O problema é que essa espécie de cicadácea — uma família de plantas da divisão Cycadophyta — é dioica. Em outras palavras, cada indivíduo só tem órgãos masculinos ou femininos, ou seja, “são” machos ou fêmeas. Dessa forma, a reprodução sexuada está temporariamente interrompida, o que implica em perda de diversidade genética.

O último exemplar “silvestre” da espécie que lembra uma palmeira de tronco grosso foi encontrado, em 1895, na Floresta Ngoye, localizada na África do Sul. É lá que os pesquisadores concentram as buscas por uma parceira. 

“Esta planta está, até onde sabemos, extinta na natureza”, afirma Laura Ciniti, pesquisadora da Universidade de Southampton, em nota. Isso porque o exemplar dos anos 1890 já morreu. Hoje, existem poucos machos, que foram clonados, em jardins botânicos espalhados pelo globo. Um deles está na Inglaterra, o que tem motivado a busca.

"Tenho esperança de que haja uma fêmea por aí, em algum lugar”, aposta Ciniti. "Seria incrível recuperar esta [espécie de] planta tão perto da extinção, através da reprodução natural”, acrescenta.

Busca com drones e IA

Como a última pista de um exemplar da espécie na natureza veio de uma floresta africana, todos os esforços em busca de uma parceira se concentram nessa região de 10 mil acres. Cobrir toda essa área é inviável, então, novas tecnologias são desenvolvidas.

“Com a IA, estamos usando um algoritmo de reconhecimento de imagem para reconhecer as plantas através de sua forma [de diferentes ângulos]”, conta Cinti. “Geramos imagens de plantas e as colocamos em diferentes ambientes ecológicos, para treinar o modelo para reconhecê-las”, detalha. 

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Em paralelo, os drones cobrem grandes áreas dessa floresta. Inclusive, são equipados com um sensor multiespectral para capturar características além do que pode ser visto do alto a olho nu. Isso ajuda a distinguir se as plantas estão vivas ou mortas e identificar de forma melhorada as espécies.

No momento, menos de 2% da região em que uma potencial parceira pode ter sobrevivido foi analisada, mas sem sucesso. A esperança é que o match perfeito ainda possa ocorrer, conforme a iniciativa avança.

Plano B contra extinção

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Se a busca com drones e a análise de imagens por IA falhar, os pesquisadores têm um plano B. Nessas circunstâncias, eles tentarão mudar o sexo da planta no laboratório, gerando uma fêmea artificialmente.

“Há relatos de mudança de sexo em outras espécies de cicadáceas devido a mudanças ambientais repentinas, como a temperatura. Por isso, temos esperança de poder induzir a mudança de sexo em E. woodii também”, completa Ciniti.

Fonte: C-Lab e Universidade de Southampton