Chimpanzés urinam juntos e isso pode ser um curioso traço evolutivo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

No Japão, um time de pesquisadores da Universidade de Quioto fez descobertas um tanto quanto curiosas sobre os chimpanzés. Em cativeiro, a tendência é que os macacos urinem juntos, de modo semelhante ao que ocorre com os bocejos em humanos. Um vai “contagiando” o outro.
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Ainda pouco compreendido, o curioso comportamento com possível origem evolutiva foi apelidado de "micções contagiosas", segundo estudo recém-publicado na revista Current Biology. Não se sabe se a regra pode ser observada na natureza, fora do Santuário de Kumamoto (local da pesquisa).
Chimpanzés urinam de forma sincronizada
"A decisão de urinar envolve uma combinação complexa de considerações fisiológicas e sociais”, explicam os autores do estudo, em artigo. Em outras palavras, a “ida ao banheiro” pode ser algo muito mais complexo do que atender apenas a uma simples vontade do corpo.
Assim, os pesquisadores defendem que o ato deve ser visto como um fenômeno social — padrões de comportamento e de interações entre indivíduos dentro de uma sociedade.
Para chegar a essa conclusão, os cientistas japoneses monitoraram um grupo de chimpanzés por mais de 600 horas, captando o momento de 1,3 mil “idas ao banheiro”. Em seguida, o material foi analisado para verificar se a hipótese era verdadeira, o que confirmou o “padrão de contágio” parecido com o do bocejo contagioso.
Os “influencers” no grupo de macacos
Apesar do comportamento contagioso do ato de urinar, os pesquisadores observaram que alguns indivíduos eram mais propensos a serem seguidos na hora de iniciar o movimento, como um tipo de “influencer” dos chimpanzés.
"Indivíduos de baixa dominância tiveram maiores taxas de contágio”, contam os autores. Enquanto isso, os machos dominantes poderiam, com mais facilidade, liderar o movimento. Sim, a hierarquia social é importante neste tipo de comportamento. E isso só reforça o quão complexa é a inteligência desses animais.
Humanos também vão ao banheiro juntos?
"O alinhamento da micção no tempo (ou seja, sincronia) e o desencadeamento da micção pela observação de comportamento semelhante em outros (ou seja, contágio social) ocorrem entre humanos em diferentes culturas”, destacam os pesquisadores.
Então, o comportamento curioso de contágio é, muito possivelmente, mais uma das características compartilhadas entre as espécies e deve esconder algum benefício para o grupo em termos de sobrevivência, mesmo que ainda desconhecido.
No futuro, "pesquisas com populações selvagens (por exemplo, analisando associações entre micção contagiosa e padrões de alcance, uso de território e filiação partidária) serão importantes para explorar a função evolutiva potencial [do comportamento contagioso]", completam.
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