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Bisões compensam emissão de carbono de 2 mi de carros

Por| Editado por Luciana Zaramela | 15 de Maio de 2024 às 16h47

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Wirestockc/Freepick
Wirestockc/Freepick

Procurando formas de reduzir ou controlar as emissões de gases do efeito estufa, como o dióxido de carbono, é preciso investir na transição energética, substituindo o uso de combustíveis fósseis. Entretanto, pesquisadores buscam formas alternativas e naturais, como a criação de rebanhos de bisões soltos na natureza. Com apenas 170 animais em uma pastagem da Europa, a iniciativa garante o armazenamento de CO2 equivalente à produção de quase 2 milhões de carros.

É estranho pensar na criação de animais como uma alternativa de combate às mudanças climáticas, ainda mais quando se sabe que a criação bovina para a produção de carne tem um alto impacto ambiental. O ponto é que as atividades são completamente diferentes, já que não envolve a produção de ração em larga escala e nem o eventual desmatamento para pastagens, como ocorre na Amazônia.

No caso dos bisões, a proposta é reintroduzir a espécie na natureza, como já ocorre em um projeto realizado nas montanhas Țarcu, na Romênia. Por lá, os bisões não eram mais avistados há cerca de 200 anos — e algumas espécies foram completamente extintas. Tudo mudou quando 100 animais foram levados para a região em 2014 e, hoje, compõem uma pequena população de 170 bisões, com alto valor no combate ao aquecimento global. 

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Recorde nas emissões de CO2

Enquanto os cientistas buscam estratégias complementares para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, a Agência Internacional de Energia (AIE) alerta para o número recorde de emissões de CO2 em 2023. No ano passado, as emissões globais relacionadas com a produção de energia aumentaram 410 milhões de toneladas, o equivalente a 1,1% em relação a 2022, segundo o relatório da agência.

Aposta na “criação” de bisões

Quando o pequeno rebanho de bisões pasta em uma área de aproximadamente 50  quilômetros quadrados, pesquisadores da Escola de Meio Ambiente de Yale (EUA) e da Global Rewilding Alliance estimam que possam capturar e armazenar no solo 2 milhões de toneladas de carbono, por ano. Este montante corresponde às emissões anuais de CO2 de 1,88 milhões de carros que usam gasolina.

Se as montanhas da Romênia continuassem sem os rebanhos de bisões, a taxa de armazenamento de carbono no solo seria 9,8 vezes menor, segundo estudo ainda não publicado.

Como os bisões capturam carbono?

“Os bisões influenciam as pastagens e os ecossistemas florestais, pastando uniformemente, reciclando nutrientes para fertilizar o solo, dispersando sementes para enriquecer o ecossistema e compactando o solo para evitar a liberação do carbono armazenado”, afirma Oswald Schmitz, professor de Yale e um dos responsáveis pela pesquisa, para o jornal The Guardian.

Em relação à captura de carbono, são duas as principais funções dos bisões. Em primeiro lugar, está a dispersão de sementes, o que vai gerar novas plantas e árvores, com potencial de capturar o carbono e “enterrá-lo” no solo. Em seguida, a pastagem desses animais vai manter esse CO2 compacto, ou seja, longe da atmosfera, onde contribui para o efeito estufa.

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"Estas criaturas evoluíram durante milhões de anos em ecossistemas de pastagens e florestas, e a sua remoção, especialmente onde as pastagens foram aradas, levou à liberação de grandes quantidades de carbono”, acrescenta Schmitz. 

A aposta é que restaurar esses ecossistemas, com a reintrodução dos bisões, possa trazer de volta o equilíbrio. Em outras áreas, espécies diferentes de animais selvagens podem ter impacto semelhante, como elefantes ou mesmo lontras, como apontam pesquisas iniciais.

Fonte: IEA The Guardian