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Árvores podem prender a respiração durante incêndios

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Ylvers/Pixabay
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Os incêndios florestais são uma ameaça para a saúde humana e para a biodiversidade de inúmeros locais. Para reduzir os danos causados pela fumaça, as árvores podem adotar algumas estratégias próprias, como “prender” a respiração, segundo pesquisadores da Universidade do Estado do Colorado (EUA).

As evidências sobre as estratégias de defesa das árvores em um incêndio florestal foram coletadas, a partir de pinheiros expostos à fumaça em uma floresta de coníferas no Colorado, em 2020, como aponta o estudo publicado na revista Geophysical Research Letters

"A fumaça dos incêndios florestais interage com os estômatos e as superfícies das folhas, suprimindo a fotossíntese”, afirmam os autores. É justamente a fotossíntese que está na base das trocas gasosas, ou seja, da respiração de uma planta (troca de dióxido de carbono e oxigênio).

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"Os efeitos dos incêndios florestais na capacidade fotossintética e nas emissões foliares parecem proporcionais à intensidade e duração dos eventos de fumaça”, complementam. Quanto maior o incêndio, mais evidente é esta forma de defesa — muito possivelmente, pode ser observada nas queimadas que atingem a Amazônia e o Cerrado, no Brasil.

“Respiração” das árvores

As plantas (incluindo as árvores) utilizam os estômatos, ou seja, pequenas estruturas presentes na epiderme dos vegetais (folhas), como poros que se abrem e fecham.

Enquanto os humanos inalam o oxigênio e expelem dióxido de carbono pelas narinas e pela boca, as plantas usam os estômatos para realizar as trocas gasosas. A diferença é que, durante a fotossíntese, elas inalam carbono e liberam oxigênio.

Impacto de incêndio florestal e queimadas

Durante o incêndio florestal no Colorado, os pesquisadores observaram que o nível de fotossíntese caiu para quase zero e os estômatos das árvores estavam praticamente fechados, como se a planta não respirasse mais (o carbono não era mais inalado).

Em seguida, a equipe criou um cenário ideal de atividade para as plantas, o que incluiu temperatura e nível de umidade adequados (sem fumaça das queimadas). Assim, o processo de fotossíntese foi retomado.

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Até o momento, não se sabe como as árvores conseguem “desligar” e “fechar” os estômatos durante incêndios florestais, mas a equipe tem algumas hipóteses. As próprias partículas de fumaça poderiam obstruir a troca de gases ou este poderia ser um sinal físico em resposta à fumaça.

Além disso, a massa de gases do incêndio é normalmente escura e também dificulta a absorção de luz solar, outro elemento essencial na fotossíntese.

Mais estudos ainda são necessários para compreender as consequências das queimadas, incluindo a necessidade de testes com outras espécies. Entretanto, este é um tema de bastante importância para a preservação, considerando que, com o aumento das temperaturas e da maior frequência de eventos extremos, as queimadas podem se tornar mais comuns em todo o globo. Isso sem considerar os incêndios criminosos.

Fonte: Geophysical Research Letters, The Conversation  

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