Origem da fotossíntese? Evidência mais antiga tem 1,75 bi de anos
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
A descoberta de um fóssil incrivelmente antigo, vindo da Era Paleoproterozoica (2,5 bilhões - 1,6 bilhão de anos atrás), revelou a evidência mais antiga de criaturas fazendo fotossíntese no mundo. Os microfósseis cilíndricos encontrados são de um ser chamado Navifusa majensis, preservado na Formação McDermott, na Austrália, que tem 1,75 bilhão de anos.
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Na fotossíntese oxigênica, a luz do sol catalisa a conversão de água e dióxido de carbono em glicose e oxigênio. O processo só é feito por cianobactérias e organelas semelhantes dentro das criaturas eucariontes. As cianobactérias tiveram um papel importante na evolução das primeiras formas de vida da Terra, sendo bastante ativas durante a Grande Oxidação, há 2,4 bilhões de anos. O debate sobre as origens da fotossíntese oxigênica, no entanto, são grandes, já que há poucas evidências da época sobrando.
Quando começou a fotossíntese?
Cientistas da Universidade de Liège, como a paleontóloga Catherine Demoulin, estudaram a diversificação das cianobactérias — que estão entre as primeiras bactérias a habitar a Terra — e seu papel na coevolução da vida na Terra, evoluindo a biosfera e a deixando propícia para a vida complexa. Com uma equipe, a pesquisadora encontrou e estudou estruturas fotossintéticas preservadas em microfósseis do N. majensis chamadas tilacoides.
Eles são revestidos por membranas e ficam dentro dos cloroplastos das plantas e de algumas cianobactérias modernas, armazenando clorofila, essencial para o processo de reações à luz. Os microfósseis foram encontrados em três lugares diferentes, mas o mais antigo é o da Formação McDermott, do Paleoproterozoico.
Acredita-se que N. majensis tenha sido uma cianobactéria, e o achado de um tilacoide dessa espécie sugere que a fotossíntese tenha evoluído em algum momento antes de 1,75 bilhão de anos atrás. Para o azar dos cientistas, isso não resolve o mistério da evolução da fotossíntese — seria ela anterior ou posterior à Grande Oxidação?
Análises estruturais de outras microestruturas pode ajudar a responder essa pergunta, descobrindo se a evolução dos tilacoides contribuiu para o aumento dos níveis de oxigênio nesse período. De qualquer forma, o achado jogou para trás os registros de tilacoides em pelo menos 1,2 bilhão de anos, algo impressionante à paleontologia.
O potencial de oxidação-redução da Terra começou muito antes do que pensávamos, e fica provada a importância de analisar as ultraestruturas de células fósseis para desvendar sua paleobiologia e o início da evolução da vida na Terra.
Fonte: Nature