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O que IoT tem a ver com chuva? Conheça as estações meteorológicas!

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Nos últimos 30 dias, o termo de busca 'chuva em BH neste momento', no Google, cresceu mais de 4.850%, isso durante o mês em que o estado de Minas Gerais mais sofreu as consequências das chuvas de verão. Ainda como resultado desses estragos, a procura por 'alagamento SP' aumentou em mais de 18.700% entre os dias 9 e 10 de fevereiro, período em que muitos pontos da cidade estiveram em baixo d'água e o comércio da cidade de São Paulo enfrentou um prejuízo estimado em R$ 110 milhões, segundo a FecomercioSP.

As porcentagens de crescimento chegam a assustar e se repetem em padrões semelhantes em todas as áreas que enfrentaram fortes chuvas durante o verão, incluindo o Espírito Santo e a Bahia. Por causa dos riscos de alagamentos e desmoronamentos, é nessa estação do ano que a Defesa Civil (199) e o Corpo de Bombeiros (193) mais trabalham, principalmente, socorrendo vítimas de desastres ambientais.

Coleta de dados

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Para dar conta de um país como o Brasil ou ainda de uma cidade complexa como São Paulo, são necessárias muitas estações meteorológicas espalhadas pela região, afinal são elas as responsáveis por criar os dados que serão trabalhados nas previsões. Atualmente, os equipamentos da Pluvi.On estão em sete estados brasileiros, totalizando mais de 160 estações em funcionamento.

Sobre a importância dessas estações de coleta, Tolezano explica que "os equipamentos são instalados em diferentes pontos da localidade de onde se quer colher os dados. A partir deles, é possível então medir a intensidade da chuva, a velocidade dos ventos, a umidade do ar e até mesmo calcular a probabilidade de uma enchente no entorno, por exemplo." Nesses equipamentos, também é possível conectar até mais seis sensores, como o nível de radiação solar e umidade do solo.

Inspiração direta do Japão

Para o desenvolvimento das estações meteorológicas e das medições hiperlocalizadas, a Pluvi.On se inspirou em uma invenção japonesa, uma película que era colocada nos vidros de carros para se mapear radiação no país. Isso aconteceu após o vazamento da usina de Fukushima, no Japão. Também open source — com livre distribuição e replicação —, a tecnologia desmentiu o governo, que minimizava os riscos de radiação no território.

Na Singularity Universe, nos Estados Unidos, a equipe da startup conheceu os responsáveis pela criação do Projeto Safecast. Como Tolezano explica, "eles criaram um medidor de radiação de baixo custo e os implementaram nas janelas dos carros. Com a grande circulação de carros, em três meses de experimento, eles tinham o mapeamento real do risco no país inteiro — que inclusive levou o Governo a vir a público para assumir as responsabilidades."

A partir do experimento de sucesso, Tolezano se questionava sobre a possibilidade de usar as mesmas tecnologias, como IoT, no Brasil, para lidar com outro problema pouco conhecido, mas muito presente para os brasileiros: as crises hídricas e a questão das chuvas. A partir de entãto, desde que foi fundada, em 2016, a Pluvi.On optou por usar a tecnologia para entender o padrão das chuvas e antecipar, principalmente, os alertas de risco, com melhor precisão.

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A previsão do tempo que dá essa antecedência é um modelo baseado em equações dinâmicas da física, ou seja, ele precisa de muitos dados para também melhorar sua resposta. A respeito disso, Tolezano comenta: "posso disparar o alerta com alguns dias de antecedência, no dia ou no momento, há toda uma escala de tempo para trabalhar. Mas também existem chuvas imprevisíveis. Existe, porque o sistema é caótico, mas com mais dados e melhor monitoramento, nos conseguimos reduzir bastante essa imprevisibilidade."

Financiamento coletivo: São Pedro bot

Via Benfeitoria, um site para campanhas de financiamento coletivo, a Pluvi.On arrecadou cerca de R$ 95.000,00, em 2019, para a elaboração de um chatbot (para bate-papo online com respostas autônomas) para o monitoramento de cinco comunidades na cidade de São Paulo, bastante afetadas por enchentes, e envio de alertas de chuva forte antecipados para os moradores dessas regiões.

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Desde dezembro do ano passado em funcionamento, Tolezano explica que "funciona como um amigo doFacebook Messenger. A ideia é que as pessoas adicionem e possam perguntar se vai chover, se as chuvas serão fortes, qual a previsão." Para isso, trabalham em parcerias com organizações sociais do entorno e com a defesa civil.

A partir dos aprendizados coletados nesse experimento controlado, já que apenas os moradores das regiões são orientados a usar, esperam ainda abrir a ferramenta para outras áreas, em que já possuem o monitoramento climático.

Desafios para desenvolver no país

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Entre as dificuldades de ser uma startup da área de tecnologia, Tolezano destaca: "Há um componente que dificulta mais as coisas, o hardware, já que as dificuldades de se trabalhar com produtos, no Brasil, são os ciclos de desenvolvimento. Ás vezes, precisamos testar um único componente e ele demora de 15 a 20 dias para chegar. Aí, após os testes, você percebe que não era bem esse aparelho, ou seja, agora terá de esperar mais 15, 20 dias para chegar um outro."

Todo esse tempo gasto gera um ciclo de desenvolvimento mais longo, além de um custo mais elevado para a inovação, fora a questão quase obrigatória das importações de peças. Por exemplo, "componentes de centavos de dólares chegam aqui, por conta de todos os impostos, na casa de dezenas de reais", comenta Tolezano sobre desafios que podem até impedir o nascimento e o crescimento de empresas da área de tecnologia. Agora, com um problema de software, o fundador da startup garante ser bem mais simples o processo, afinal "é possível varar a noite e resolver a questão", como todo bom desenvolvedor já fez.