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TikTok pode abrir um processo contra o governo Trump nesta terça-feira

Por| 10 de Agosto de 2020 às 19h20

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Nesta terça-feira (11), o TikTok começará a reagir em território americano: isso porque a empresa abrirá uma ação contra o governo de Donald Trump, desafiando a ordem executiva assinada pelo presidente na última semana, que proíbe o uso de aplicativo de vídeos curtos em até 45 dias. A informação é da National Public Radio (NPR).

Segundo o veículo, a ação será movida no Tribunal Distrital dos EUA localizado Distrito Sul da Califórnia, região onde as operações americanas da TikTok estão baseadas. A representação argumentará que a ordem executiva do presidente é inconstitucional, porque não deu à empresa uma chance de se defender e que a justificativa de que o app representa um risco à segurança nacional dos Estados Unidos não tem base legal. Isso porque a acusação de que a plataforma envia dados dos americanos ao governo chinês nunca foi provada, afirmou a NPR.

Em seu blog oficial, a TikTok se pronunciou na última sexta-feira (7), afirmando que está "chocada" com a ordem executiva de Trump e que buscará todas as soluções disponíveis, inclusive nos tribunais dos EUA. Um porta-voz da empresa, contatado por telefone no último sábado (8) se recusou a comentar sobre a reportagem da NPR e que tudo o que a companhia tinha a dizer estava expresso no post publicado no dia anterior.

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Ainda no sábado, o The Wall Street Journal (WSJ) informou que a TikTok e o Twitter conversaram sobre uma possível fusão, citando pessoas familiarizadas com o assunto. Não está claro, no entanto, se o Twitter buscará um acordo que envolveria as operações da TikTok nos Estados Unidos. Como a rede social comandada por Jack Dorsey é muito menor que o TikTok, ela concluiu que, provavelmente, não enfrentaria o mesmo nível de fiscalização antitruste que a Microsoft ou outros compradores em potencial enfrentarão, disseram ao jornal fontes que acompanham as discussões de perto.

Um porta-voz da TikTok disse que a empresa não comenta sobre “rumores de mercado”, em resposta sobre as supostas conversas que a companhia teria tido com o Twitter.

De qualquer forma, a Microsoft está negociando há semanas com a ByteDance, controladora do TikTok, em Pequim. A criadora do Windows é considerada a favorita em qualquer negócio possível, sendo que CEO da Microsoft, Satya Nadella, conversou com Trump sobre o assunto há uma semana.

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Entenda a ordem executiva de Trump


Na última quinta-feira (6), Donald Trump assinou ordens executivas proibindo residentes e empresas dos EUA de fazer negócios não só com o TikTok, mas também com o superaplicativo WeChat (pertencente a Tencent), um dos mais populares da China e que é utilizado pela população para fazer praticamente tudo. A determinação do presidente norte-americano entra em vigência em 45 dias, apresentando como principal motivo o risco de segurança nacional de deixar os dados pessoais dos americanos expostos.



A ordem de Trump é baseada em uma lei de 1977, que permite ao presidente dos EUA declarar uma emergência nacional em resposta a uma “ameaça incomum e extraordinária”, permitindo-lhe bloquear transações e apreender bens. Às vésperas das eleições que podem reelegê-lo (ainda que ele se encontre em desvantagem nas pesquisas para o democrata Joe Biden), o mandatário norte-americano está intensificando sua campanha contra a China, apostando que uma linha dura o ajudará a vencer a disputa eleitoral de novembro. O problema é que ele está aborrecendo milhões de jovens eleitores, usuários do TikTok, no caminho.

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Mas há provas e que o TikTok esteja expondo os dados dos norte-americanos?

Segundo especialistas em segurança digital, não há evidências de que o app esteja fazendo algo ilegal. Um dos primeiros a relatar essa ausência de provas foi Zoé Vilain, diretora de privacidade e estratégia do aplicativo de privacidade Jumbo. Ela afirmou que, em termos de dados, o TikTok "é uma droga, mas não parece ser pior que o Facebook. Olhando a política de privacidade dele [TikTok], notei que ela não era mais invasiva do que a do Facebook ou do Instagram. Não há muitas diferenças".

Na análise de Vilain, a política de privacidade do app chinês diz que, "basicamente eles estão utilizando seus dados de uso, dados de comportamento, preferências, amigos, contatos, para fornecer serviços, personalizá-los e, é claro, fazer publicidade direcionada [...] é exatamente isso que o Facebook está fazendo e o Instagram também ", afirmou.

O especialista apontou ainda que a principal diferença entre o TikTok e o Facebook / Instagram está no tipo de dados que os usuários estão conectando rotineiramente ao aplicativo, já que o app trabalha com vídeos em sua totalidade. "Acho que a principal diferença é que as pessoas estão gravando elas mesmas e isso está sendo gravado", declarou. " [O TikTok] também é usado principalmente por adolescentes, que talvez estejam menos conscientes e menos preocupados com o que estão compartilhando. E isso deve ser visto com atenção".

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Já o pesquisador de segurança Baptiste Robert decidiu analisar a fundo dados que o TikTok envia de volta aos seus servidores, na tentativa de analisar a retórica geopolítica do governo Trump.

No entanto, realizar a engenharia reversa de um aplicativo como o TikTok não é uma tarefa fácil. Logo, Robert está publicando gradualmente uma série de posts sobre suas descobertas. E em sua primeira publicação, o especialista observou que um único relatório não pode provar definitivamente se o TikTok representa ou não uma ameaça à segurança nacional, uma vez que ele usa milhões de linhas de código.

Ainda assim, em uma primeira análise, ele também não achou nada suspeito: "Até onde podemos ver, em seu estado atual, o TikTok não tem um comportamento suspeito e não está filtrando dados incomuns. Obter dados sobre o dispositivo do usuário é bastante comum no mundo mobile e obteríamos resultados semelhantes no Facebook, Snapchat, Instagram e outros", concluiu em seu primeiro relatório.

Ainda assim, é preciso ficar atento. Em abril deste ano, dois pesquisadores de segurança, Talal Haj Bakry e Tommy Mysk descobriram uma vulnerabilidade no TikTok que indicava que os vídeos enviados pelos usuários poderiam ser interceptados e até substituídos. Essa brecha foi originada a partir do uso de conexões HTTP inseguras, quando o TikTok baixava vídeos de seus servidores. O problema é que todos os outros aplicativos de social media, há muito tempo, usam conexões de rede HTTPS, muito mais seguras, em um esforço para proteger a privacidade do usuário e a integridade dos dados.

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"Uma falha tão básica na segurança não inspira confiança na capacidade do TikTok de proteger os dados de seus usuários e expõe uma atitude negligente em relação à segurança", disse Bakry. Um porta-voz do TikTok disse ao Business Insider: "O TikTok prioriza a segurança dos dados do usuário e já usa HTTPS em várias regiões, enquanto trabalhamos para implementá-lo em todos os mercados em que operamos".

Fonte: NPR