Shorts poderia acabar com o YouTube, dizem funcionários da empresa
Por André Lourenti Magalhães • Editado por Douglas Ciriaco |
Funcionários mais antigos do YouTube estariam preocupados com o Shorts: para alguns, o crescimento da plataforma de vídeos curtos poderia exterminar o formato de vídeos longos da empresa e comprometer formas de monetização. As informações são do Financial Times.
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As fontes ouvidas, mantidas como anônimas, teriam ligado o sinal de alerta porque o Shorts afasta a audiência dos vídeos longos, a principal fonte de renda da empresa nas últimas décadas. Reuniões internas da empresa apontam que o formato tradicional do YouTube estaria “morrendo” e os consumidores migraram para os vídeos curtos devido ao uso constante dos celulares e o crescimento do rival TikTok.
De acordo com a matéria, dados internos sugerem que os criadores de conteúdo publicam cada vez menos vídeos longos: isso teria relação com a falta de vontade do consumidor em ver esse conteúdo e com valores de anúncios mais favoráveis para vídeos curtos.
Na perspectiva financeira, o YouTube passou por alguns momentos de turbulência: em outubro do ano passado, a empresa relatou o primeiro trimestre com queda na receita de anúncios desde a análise separada dos dados em 2020. Os dois trimestres seguintes também tiveram quedas em comparação com o ano de 2021, e a maré só começou a virar no segundo trimestre deste ano, com um crescimento de 4,4% nas vendas.
Esforços do YouTube com o Shorts
O Shorts foi lançado em 2021, mesmo ano da chegada dos Reels no Instagram. Desde então, o YouTube adotou medidas agressivas para concorrer com o TikTok, com mais espaço aos vídeos curtos na tela inicial, formas de pagamento mais rentáveis e ferramentas de edição nativas na plataforma.
No entanto, de acordo com as fontes ouvidas pelo Financial Times, somente 10% dos criadores usam essas ferramentas, devido ao fato que muitos preparam os mesmos vídeos para plataformas diferentes. Além disso, o YouTube também desvaloriza vídeos publicados com a marca d’água do TikTok.
A reportagem informa que o modelo de monetização do YouTube inclui 45% da receita para criadores de conteúdo com vídeos no Shorts e 55% da receita em vídeos longos. Porém, grande parte da renda para os youtubers é composta pelos “publis” e outras parcerias de anúncios com empresas.
O YouTube também ampliou as opções para repartir a receita de anúncios aos criadores pelo Shorts em fevereiro deste ano.
Fonte: Financial Times