Recomendações do YouTube levam crianças a vídeos sobre armas, diz estudo
Por Fabrício Calixto | Editado por Douglas Ciriaco | 17 de Maio de 2023 às 14h58
Um relatório publicado por um grupo de monitoramento na internet afirma que as recomendações do YouTube estão levando crianças a acessarem vídeos sobre armas, incluindo tiroteio em instituições de ensino e modificações em armas de fogo.
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Recomendações inadequadas
No estudo conduzido pelo Tech Transparency Project (TTP), um grupo de pesquisadores criou quatro contas no serviço se passando por duas crianças de nove anos de idade e dois adolescentes de 14 anos. Durante 30 dias em novembro de 2022, os perfis acessaram listas de reprodução com vídeos sobre Halo, Roblox, Grand Theft Auto e LEGO Star Wars.
Segundo o relatório, o YouTube sugeriu conteúdo sobre armas e tiroteios em escolas, e o volume de indicações aumentava conforme as contas acessavam recomendações da própria plataforma.
“Esses vídeos incluíam cenas retratando tiroteios em escolas e outros eventos de tiroteio em massa; demonstrações gráficas de quanto dano as armas podem infligir a um corpo humano; e guias de instruções para converter uma pistola em uma arma totalmente automática," informa o estudo.
Os pesquisadores também comentaram que há outro problema envolvendo as violações de políticas do próprio YouTube, pois muitos desses vídeos desrespeitam as regras do serviço. Por exemplo, era possível assistir sem problema algum conteúdo sobre jovens (possivelmente menores de idade) ensinando a aperfeiçoar um armamento e fazendo testes em alvos. Também chama a atenção que parte desse material é monetizado.
Posicionamento da plataforma
Em resposta ao estudo, o YouTube se defendeu dizendo que crianças e adolescentes devem acessar o YouTube Kids, versão com seleção de conteúdo para esse tipo de público.
A companhia também indagou a metologia aplicada e quantos vídeos foram assistidos para que eles chegassem a tal conclusão. Para o YouTube, a plataforma precisaria de informações e números mais sólidos a fim de tomar alguma atitude em relação à falha e que os pesquisadores também testassem as experiências supervisionadas do serviço, como o próprio YouTube Kids.
No entanto, o site de vídeos parabenizou a iniciativa e disse que "explora maneiras de trazer pesquisadores acadêmicos para estudar nossos sistemas".
Esta não é a primeira vez que o YouTube promete rever seus filtros. Em 2019, a plataforma prometeu remover vídeos violentos destinados a crianças, e, no começo de 2023, sugeriu desmonetizar canais de games com conteúdo inadequado.
Fonte: Tech Transparency Project