Iniciativa promete vender NFTs para proteger a Amazônia
Por Igor Almenara | Editado por Douglas Ciriaco | 28 de Março de 2022 às 12h09
Um recente projeto brasileiro quer revitalizar a Amazônia com dinheiro adquirido pela venda de NFTs (tokens não fungíveis). A “experiência de NFTs colecionáveis” chamada Nemus abriga as figuras digitais na blockchain Ethereum e pretende gerar “atividade econômica sustentável” nas regiões em que atuar, não, porém, sem levantar algumas suspeitas quanto a legitimidade.
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Com supostamente 410 quilômetros quadrados de terras, a Nemus alega querer unir o que chama de "poder das NFTs" e das criptomoedas com iniciativas no mundo real para conservar as florestas brasileiras. Cada token representaria uma faixa de território (que, claro, não garante posse física sobre ele) identificada pela vegetação local, tamanho e nível de raridade.
À Reuters, o fundador da Nemus, Flavio de Meira Penna, disse que o projeto já vendeu 10% das ofertas iniciais por 8 mil hectares no primeiro dia. “Eu acredito que isso vá acelerar nas próximas semanas”, comentou.
O valor dos tokens da Nemus varia entre US$ 150, nos menores lotes, e US$ 51 mil, nas maiores porções de terra. A expectativa de Penna é acumular até US$ 5 milhões para adquirir mais dois milhões de hectares de terras de Pauini, cidade do estado de Amazonas, que já estariam em negociação.
Aquecendo a economia local
Além de revitalizar florestas, a Nemus também promete fortalecer as comunidades indígenas locais com os valores adquiridos. O trabalho na região seria feito por indígenas, que seriam eventualmente incluídos nas comunidades de “guardiões” e participariam na tomada de decisões sobre o projeto com os donos dos tokens.
As polêmicas da Nemus
Embora adote uma abordagem voltada à preservação ambiental, a Nemus adotou a blockchain Ethereum para abrigar os colecionáveis. A rede é conhecida por ter altíssimas taxas de transação (as chamadas “taxas de GAS” ), consumir quantidades enormes de energia, gerar emissões de gases de efeito estufa e descarte de resíduos eletrônicos.
Além disso, a ideia gera desconfiança. Não são raros os projetos NFT que aparecem pela internet mas, na verdade, são golpes — nem mesmo a inclusão de documentação e uma página web apresentável são garantias de legitimidade.
Por agora, é importante ficar atento aos próximos passos do projeto, nas discussões que acontecem no Discord oficial e na opinião dos donos dos primeiros tokens. Se você estiver interessado no projeto, vale conferir informações diretamente do site da Nemus e a documentação preliminar da coleção.
Fonte: Reuters